Produção renovável e consumo eléctrico atingiram máximos em 2023

A produção renovável bateu um recorde em 2023 e abasteceu 61% do consumo, que atingiu o volume mais alto desde 2018, subindo 0,8%.

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As centrais hidroeléctricas abasteceram 23% do consumo de electricidade Nuno Ferreira Santos

A produção de energia renovável bateu um recorde em 2023 e foi suficiente para abastecer 61% do consumo de energia eléctrica em Portugal, num total de 31,2 terawatts por hora (TWh). Foi “o valor mais elevado de sempre no sistema nacional”, de acordo com os dados divulgados nesta terça-feira pela REN, que gere os sistemas de electricidade e gás natural.

Em simultâneo, 2023 foi também o ano em que o consumo de energia eléctrica abastecido pela rede pública registou o maior crescimento desde 2018: subiu 0,8% (ou 0,6% contando com a correcção dos efeitos temperatura e número de dias úteis), para 50,7TWh.

“É o consumo mais alto desde 2018, ficando a cerca de 3% do máximo histórico registado no sistema nacional, em 2010”, assinala a operadora das redes energéticas.

Em 2023, os índices de produtibilidade das fontes de energia renovável ficaram praticamente em linha com as médias históricas, com um índice de 0,99 (média igual a 1) para a hidroeléctrica, o mesmo valor para a eólica e 1,01 para a produtibilidade solar.

Assim, depois da seca severa registada em 2022, a produção hidroeléctrica cresceu 70%, o suficiente para abastecer 23% da procura de electricidade.

A energia eólica abasteceu 25% do consumo em Portugal, a fotovoltaica 7% e a biomassa 6%. Devido ao aumento progressivo da capacidade instalada, o contributo da energia solar para o consumo aumentou 43%.

A produção não renovável abasteceu apenas 19% do consumo, totalizando 10TWh, o que representa o “valor mais baixo desde 1988”. Esta evolução deve-se não só à maior quantidade de energia produzida nas centrais hidroeléctricas, eólicas e solares, mas também ao elevado saldo importador.

Praticamente um quinto do consumo eléctrico nacional foi assegurado através das importações por via das interligações com Espanha. Trata-se, segundo a REN, “do valor mais elevado de sempre e da sua maior quota no abastecimento do consumo desde 1981”.

Em Dezembro houve um “forte crescimento [da procura eléctrica] de 6,9%, ou 5,6% com a correcção dos efeitos de temperatura e dias úteis”, e a produção renovável chegou para abastecer 73% do consumo. O gás natural satisfez 11% do total e os restantes 16% corresponderam ao saldo importador. Durante o último mês do ano, as condições foram particularmente favoráveis para a produção hidroeléctrica, com um índice de produtibilidade que ficou acima da média histórica e foi de 1,09, ao contrário da produtibilidade eólica e solar, que registaram índices de 0,83 e 0,91, respectivamente.

Consumo de gás mais baixo desde 2014

No ano que agora terminou, o consumo global de gás natural foi o mais baixo desde 2014 e totalizou 49TWh, o que se traduz “numa contracção de 21% face ao ano anterior, resultado de uma redução de 42% no segmento de produção de energia eléctrica e de uma diminuição de 3% no segmento convencional [famílias e indústria]”.

Em Dezembro, o consumo de gás natural também manteve a tendência negativa que se registou ao longo do ano, com uma contracção homóloga global de 11,5%, graças à menor necessidade de utilizar as centrais eléctricas de ciclo combinado. O consumo de gás recuou 51% no mercado eléctrico, mas houve “um crescimento de 10% no segmento convencional”.

O gás continuou a chegar a Portugal essencialmente através do Porto de Sines, na forma de gás natural liquefeito (GNL), que atingiu 95% do total. O restante entrou na rede nacional através da interligação com Espanha. “O gás descarregado em Sines teve origem sobretudo na Nigéria e nos Estados Unidos, que representaram, respectivamente, 42% e 40% do aprovisionamento nacional”, refere a REN.

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