África e Ásia “descalçam” Sporting, FC Porto e mais meia Europa

Na Taça das Nações Africanas e na Taça da Ásia há selecções a tirarem talento aos clubes nas próximas semanas. O Benfica, sem africanos e asiáticos, estará menos preocupado do que os rivais.

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Taremi, jogador do FC Porto Reuters/PEDRO NUNES

“Durante o torneio, terei de deixar o meu lugar. Se os suplentes jogarem bem, provavelmente serão os titulares daí para a frente. Um jogador que me substitua bem vai continuar a merecer confiança. É a realidade inevitável”. Estas foram as palavras de Kim, central do Bayern Munique, sobre a ida para a Taça da Ásia, deixando um lugar na defesa para que outro jogador se apodere dele.

É disto que se falará bastante nas próximas semanas, quando os clubes forem forçados a jogar sem atletas africanos e asiáticos que sejam convocados para as competições continentais.

Na Taça das Nações Africanas (CAN), joga-se de 13 de Janeiro a 11 de Fevereiro. Na Ásia, joga-se de 12 de Janeiro a 25 de Fevereiro.

Em qualquer dos casos trata-se de cerca de um mês de prova, que deixará os treinadores a rezarem secretamente pela eliminação das selecções onde tenham atletas – cenário que reduzirá de três, quatro ou cinco jogos de ausência nas provas internas para apenas um ou dois.

Morita, Diomande, Banza e Taremi

A nível nacional, o Benfica é o que pode estar mais tranquilo. Sem qualquer asiático ou africano convocado, à equipa “encarnada” estas provas pouco dirão.

Rúben Amorim, por outro lado, terá de viver sem Diomande e Morita, dois habituais titulares, e Catamo, jogador com bastante utilização. As lesões de St. Juste e Coates adensam o problema com a ausência de Diomande, que actua numa selecção, a Costa do Marfim, cujas probabilidades de sucesso até são razoáveis.

Da Ásia também dificilmente virão boas notícias. O Japão, de Morita, deverá ir bem longe na prova – é o principal favorito ao troféu – e Amorim terá de arranjar uma solução: Pedro Gonçalves poderá ter mais espaço como médio, abrindo, por extensão, uma vaga no ataque para jogadores como Paulinho e Trincão.

Esta solução criará, porém, um problema adicional, que é a falta de profundidade no banco para jogadores de ataque. Avançando Paulinho ou Trincão para o lugar de Pedro Gonçalves, falta gente para sair do banco, até porque Catamo também não poderá ajudar.

No FC Porto falamos de Taremi e Zaidu. No caso do lateral é apenas uma questão de menor rotatividade com Wendell e João Mendes, mas, sobre Taremi, é um tema mais complexo.

O iraniano está longe do nível de outras temporadas, mas continua a ser um titular para jogar na posição de segundo avançado – algo que poderá seduzir Conceição a testar soluções com jogadores como Jaime ou Pepê, que serão mais terceiros médios do que segundos avançados.

No caso do Sp. Braga será fé em Abel Ruiz. Sem Simon Banza, ao serviço da República Democrática do Congo, os minhotos ficam sem o melhor marcador e terão de confiar num espanhol de muito maior talento técnico, mas consideravelmente menor capacidade finalizadora. Também Niakaté, pelo Mali, vai viajar para África.

Ainda na I Liga, destaque para o Desportivo de Chaves e para o Boavista, que são das equipas que mais golos sofreram no campeonato e vão, com a CAN, ter problemas nesse pelouro. O Boavista sem os defesas Bruno e Chidozie e o Desp. Chaves sem os defesas João Correia e Langa e o médio-defensivo Guima.

Baixas no Tottenham

A nível europeu, há jogadores que podem chegar apenas um ou dois dias antes da primeira mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões.

O Bayern, com Kim, Mazraoui e Choupo-Moting, e o PSG, com Hakimi e Kang, vão perder bastantes soluções, embora o nível dos plantéis pareça suficiente para contornar o problema.

Mais graves são os casos de equipas mais dependentes dos seus asiáticos e africanos, como os casos do Liverpool, sem Salah, o Nápoles, sem Osimhen, ou mesmo a Real Sociedad, sem Kubo.

Pior está o Tottenham, que não só vai perder o coreano Son como ainda ficará sem a dupla de meio-campo, enquanto Bissouma e Sarr estiverem em África.

Ange Postecoglou, que já venceu a Taça da Ásia pela Austrália, dificilmente se queixaria muito, por já ter estado do lado oposto. E foi nessa medida que não só desvalorizou as perdas como argumentou que são competições muito importantes. “Dou-lhes muito valor. Muitos europeus dão importância fulcral ao Europeu. Com os africanos e asiáticos é igual”, apontou.

A ideia do treinador do Tottenham leva até ao raciocínio mais idílico que desvaloriza o cansaço e a perda de rotinas no clube para valorizar, por outro lado, o aumento de confiança que um jogador pode ter depois de um desempenho de bom nível pelo seu país.

No prisma oposto, tal como o Benfica, em Portugal, há equipas europeias que “esfregam as mãos” nesta fase: Real Madrid, Barcelona ou Manchester City não perderão jogadores para as provas continentais de selecções e vão ver rivais desfalcados.

Como curiosidade, destaque para o caso do Nottingham Forest, de Nuno Espírito Santo, que vai perder seis jogadores, cinco deles titulares. E só não são sete porque o nigeriano Awoniyi vai falhar a prova por lesão – na prática, Nuno vai perdê-lo também.

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