Sophie Marceau: Depardieu “não atacou as grandes actrizes”, mas “as assistentes”

A actriz e realizadora francesa diz que as “grandes actrizes” não condenam Depardieu porque este “não as atacou”, referindo que “a vulgaridade e a provocação sempre fizeram parte” do actor.

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Gérard Depardieu ERIC GAILLARD/REUTERS

As acusações de violação e agressão sexual contra Gérard Depardieu continuam a dar que falar. Após a carta aberta em defesa do actor publicada no jornal francês Le Figaro no dia de Natal – o contra-ataque surgiu logo a seguir noutro jornal, o Le Monde, que publicou uma missiva a denunciar a “impunidade” de Depardieu e as declarações de apoio do presidente Emmanuel Macron​ –, a actriz e realizadora francesa Sophie Marceau afirmou numa entrevista à revista Paris Match que “as grandes actrizes”, contemporâneas do actor francês, não o condenam porque este “não as atacou”.

“Ele atacava as assistentes… A vulgaridade e a provocação sempre fizeram parte dele”, acrescentou Marceau, citada pelo Le Figaro esta quinta-feira. Na entrevista dada à Paris Match juntamente com François Berléand, com quem protagoniza a peça de teatro La Note, de Audrey Schebat, Marceau relembrou como Gérard Depardieu tentou humilhá-la durante as filmagens de Police (1985), de Maurice Pialat, quando tinha 19 anos, episódio que já havia referido nas páginas do Le Monde este Verão.

“Nessa altura, eu disse publicamente que não suportava a atitude dele, que era rude e muito inadequada. Muitas pessoas voltaram-se contra mim, fazendo-me parecer uma pequena praga”, contou ao Le Figaro. “Todos riam com ele, todos o amavam por isso, todos o aplaudiam por quem ele era. E toda a gente achou que era normal”, acrescentou a actriz de 57 anos, denunciando a “hipocrisia” do meio cinematográfico.

“Hoje acusam-no daquilo por que o elogiaram. Não vou dar-lhe o poleiro nem enterrá-lo. Pediram-me muitas vezes para testemunhar contra ele em todos os lugares”, apontou Sophie Marceau, que antes de Police já havia contracenado com Depardieu no filme Fort Saganne (1984).

Depois de Police, a actriz e realizadora decidiu “recusar-se” a fazer mais filmes com Depardieu. No já supracitado artigo do Le Monde, falou dos comportamentos duvidosos do actor – “ele nunca se atreveu a tocar-me à frente da equipa, caso contrário teria recebido um soco na cara” –, tal como fizera em 2015 na revista Society, quando integrou o júri do Festival de Cannes. “É um predador”, declarou então.

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