A “transformação azul” começa em cada um de nós

Esta abordagem procura equilibrar a exploração dos oceanos, de acordo com as necessidades da população global, garantindo a preservação dos seus ecossistemas.

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Desde sempre o mar tem sido uma importante fonte de alimento para os seres humanos e, consequentemente, o seu papel na economia de muitos países, entre os quais Portugal, também é de extrema relevância.

À medida que as necessidades alimentares e nutricionais de uma população global crescente aumentam – estima-se que o mundo estará perto dos 10 mil milhões de habitantes em 2050 – o seu papel torna-se cada vez mais importante, com dados do relatório FAO 2022 a indicarem que os alimentos provenientes do meio aquático (mar e água doce) estão a contribuir, cada vez mais, para a segurança alimentar.

O peixe constitui uma proteína muito eficiente – rica em nutrientes e com baixa pegada de carbono – mas para garantir a sua disponibilidade e diversidade no futuro é preciso ultrapassar os vários desafios que se colocam à forma como os recursos marinhos são explorados, levando à urgência de uma transformação azul. Já ouviu falar?

Este conceito, criado pela FAO, diz respeito a uma abordagem sustentável e integrada para o desenvolvimento dos oceanos e das zonas costeiras, com o objetivo de promover a conservação dos recursos marinhos, ao mesmo tempo que se maximiza o crescimento económico e o bem-estar social. Esta abordagem procura equilibrar a exploração dos oceanos, de acordo com as necessidades da população global, garantindo a preservação dos seus ecossistemas.

A pesca sustentável é uma peça chave para a transformação azul e significa que são deixados peixes suficientes no mar, evitando a sobrepesca, para que a sua população se possa reproduzir de forma adequada e, assim, renovar-se continuamente, permanecendo produtiva e saudável para as gerações futuras. Por outro lado, implica também minimizar os impactos negativos da pesca no ecossistema e garantir uma governação robusta na tomada de decisões.

Para apoiar esta transição para a pesca sustentável, nasceu, em 1997, o Marine Stewardship Council (MSC), uma organização não governamental sem fins lucrativos, que criou um programa de certificação e de rotulagem que identifica os produtos do mar provenientes da pesca sustentável. O objetivo é reconhecer e recompensar práticas de pesca ambientalmente responsáveis. Para exercer este trabalho, o MSC trabalha estreitamente com a comunidade científica, indústrias da pesca e de transformação, retalhistas, associações e governos em todo o mundo.

A presença do Selo Azul do MSC nas embalagens dos produtos do mar atesta que a captura do pescado foi realizada de forma sustentável e que ao longo de toda a cadeia de custódia – processamento, distribuição e comercialização – estes produtos certificados se mantiveram separados dos produtos convencionais.

Atualmente, em Portugal, o Selo Azul está presente em 420 produtos provenientes do mar, de diferentes marcas, e já representa 3% do total de pescado consumido no país. Contudo, sendo os portugueses um dos principais consumidores de peixe per capita em todo o mundo, o seu papel na promoção da tão necessária transformação azul é determinante.

Segundo o estudo de mercado realizado pelo Globescan “MSC Consumer Insights 2022 Portugal”, os portugueses pretendem adotar uma dieta cada vez mais saudável, sendo que 46% assume fazer as suas escolhas também de acordo com critérios ambientais. Neste sentido, metade dos consumidores em Portugal estão dispostos a comprar produtos do mar mais sustentáveis e quase um terço destes (29%) confirma tê-lo feito no último ano.

Comportamentos de consumo mais responsáveis desempenham um papel crucial na promoção de práticas mais sustentáveis e, no que diz respeito aos produtos do mar, o tipo de consumo pode ditar a riqueza e diversidade de uma das mais importantes fontes de alimentos para as gerações futuras – os oceanos.

A autora escreve segundo o novo acordo ortográfico

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