Porque apoio Jose Luís Carneiro?

Um perfil, uma estratégia, um ciclo em curso. O perfil sem estratégia é vácuo político e a estratégia sem programa é espuma inconsequente.

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Portugal vive tempos de agitação, ruído e erosão da confiança social e da confiança nas instituições. A vontade popular expressa na atribuição de um mandato democrático claro ao Partido Socialista, para cumprir um ciclo de legislatura, foi interrompido em circunstâncias inesperadas e laterais ao desempenho do Governo.

Pela sociedade portuguesa perpassa um sentimento generalizado de injustiça relativa. Injustiça entre classes profissionais. Injustiça intergeracional. Injustiça interterritorial.

Esta onda de desconfiança em relação às políticas e aos políticos não tem correlação evidente com os indicadores económicos e sociais, quer eles sejam vistos no plano nacional, quer sejam cotejados em alargadas comparações internacionais.

Neste contexto, os populistas cavalgam a onda e trepam nos estudos de opinião. Por isso, o perfil de quem irá assumir a liderança do governo do país a partir das eleições legislativas de 10 de março conta muito. Portugal precisa de alguém que tenha vivido a experiência de governar e fazer crescer uma autarquia do interior, que tenha sentido o Portugal na sua plenitude trabalhando com as comunidades portuguesas, que tenha conseguido que um ministério complexo como é o Ministério da Administração Interna tivesse passado a ser noticia sobretudo pelos resultados, pelo diálogo interno e pela valorização dos seus profissionais, por alguém respeitado pelos pares nas instâncias europeias em que representa os interesses nacionais.

Portugal precisa de um primeiro-ministro sereno, convicto, próximo, empático, popular, preparado e competente. José Luís Carneiro é a personalidade política que conheço que mais se aproxima deste perfil e por isso o apoio.

O perfil não pode ser dissociado da estratégia. Sem estratégia o perfil é, aliás, irrelevante. Nos muitos anos que levo de vida cívica e militante do PS sempre defendi que o caminho para o Partido Socialista vencer eleições e ter a oportunidade de aplicar o seu programa e os seus valores começa na criação de uma onda de apoio nos setores centrais e mais dinâmicos da sociedade portuguesa, cujo voto flutua em função da confiança que as diferentes propostas políticas geram, e partir daí para a mobilização dos eleitores à esquerda e governar na sua área natural da social-democracia e do socialismo democrático.

Foi sempre assim que o PS ganhou a confiança da sociedade portuguesa para governar. Foi assim com Mário Soares, foi assim com todos os primeiros-ministros do PS e foi assim também com António Costa (embora em dois tempos, ou seja, com uma mobilização da esquerda para a “geringonça” ancorada numa forte implantação ao centro conseguido no resultado eleitoral de partida) e será, acredito convictamente, assim com José Luís Carneiro e por isso o apoio.

O perfil sem estratégia é vácuo político e a estratégia sem programa é espuma inconsequente. Portugal fez nos últimos anos um trajeto relevante de afirmação no plano interno e no plano europeu e global. Enfrentou a pandemia com enorme sensibilidade social e reconhecido sucesso. Respondeu aos impactos da guerra com medidas corajosas e protetoras dos mais vulneráveis. Manteve o controlo das contas e a credibilidade económica e política internacional e dispõe de recursos para concretizar um ciclo de transformação que as perturbações de gestão corrente e as ruturas com classes profissionais determinantes tornaram mais difícil.

O ciclo de transformação em curso não deve ser travado. Precisa, é certo, de obras de correção da trajetória politica para alterar com humildade democrática o que correu menos bem, sem perder uma marca e uma identidade em que a maioria dos portugueses se revê como trajeto seguro.

Este programa está refletido sem tibiezas na moção “Por Todos, Para Todos” em que José Luís Carneiro se apresenta aos portugueses e às portuguesas com a ambição e o compromisso de liderar o Partido Socialista e governar Portugal com proximidade, com as pessoas e para as pessoas. É também por isso o apoio.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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