Por razões estritas de fotogenia

A fotogenia é uma razão bruta, de origem desconhecida. Pode-se tentar reunir as condições atmosféricas para que a fotogenia ocorra, mas, no caso dos rostos, não há nada a fazer: a luz é interna.

Ouça este artigo
00:00
03:28

Em documentário, ou no documentário tal como o entendo, usa-se pouca ou nenhuma luz artificial. Assim é por mobilidade e redução de custos, mas, acima de tudo, para minimizar a interferência sobre o que se está a filmar. Se em ficção se constroem décors à medida da história, em documentário existe um trabalho de adaptabilidade ao real contínuo: toca-se numa história, que já existia e vai continuar a existir. Nesse esforço de contacto e de adaptação, a luz natural torna-se determinante. É preciso conhecê-la: é melhor filmar com o sol oblíquo do que com o sol a pique; o viés do sol oferece contraluzes mais expressivos e ilumina de forma mais macia os rostos humanos. Se procuro usar este conhecimento, é porque me importa a fotogenia, aqui entendida, exatamente, como produção de luz. Tento reunir condições para que esta ocorra, porque é caprichosa a fotogenia: aparece quando bem entende.

Os leitores são a força e a vida do jornal

O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.
Sugerir correcção
Ler 1 comentários