Calçado Realeza: descalçar a bota

Jorge Onofre Pereira e Luís Onofre falam sobre o negócio fundado numa altura em que ter sapatos não estava ao alcance de todos.

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Luís Onofre e Jorge Onofre Pereira José Sérgio
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Conceição Rosa Pereira emprestou o nome ao negócio de fabrico de calçado até hoje, mas é o nome do neto que o mundo reconhece: Luís Onofre. Pode-se pensar que a história começa com a mulher, natural de Oliveira de Azeméis, mas o filho, Jorge Onofre Pereira, com 87 anos, recupera o início do negócio. “A minha mãe impôs-se pela personalidade, mas foi o meu pai, Artur Onofre Pereira, quem fundou a fábrica”, esclarece, acrescentando que a mãe, depois, “deu-lhe continuidade”. Mulher dura no trato, o coração de mãe de Conceição carregava a dor de ter perdido o primogénito com três anos. Jorge nasceu depois desse trágico acontecimento e respeitava-a. O pai era “o homem dos 100”, porque andava sempre com 100 mil réis na carteira, mas quando se quis estabelecer não teve dificuldades que lhe emprestassem o que lhe faltava para iniciar o negócio com uma oficina e um estabelecimento comercial. Teve o infortúnio de adoecer gravemente e precisar de cuidados no Caramulo, o que agravou a dívida e as condições de vida familiares. Conceição, que era ajuntadeira, juntava as peças do calçado, assumiu o negócio. Todos ajudaram: “O meu tio Alcides cortava, o tio Leonídio fazia a ronda das cobranças, o Carlos Alegria, o senhorio, fazia a escrita.”

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