“Nova música antiga” em mais um Fora do Lugar, em Idanha-a-Nova

À 12.ª edição, o festival internacional de músicas antigas volta a explorar cruzamentos entre a tradição e o contemporâneo, e o popular e o erudito.

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Mashrabiya fundem diferentes tradições musicais: a persa, a indiana, a árabe e a otomana Emilie Sornasse
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Litá: quarteto de jovens músicos que fugiram para Portugal no ano passado devido à guerra na Ucrânia Roberto Correia
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Taracea: grupo revisita “canções do panteão da música europeia antiga” dos períodos renascentista e barroco Pablo Neustadt
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Com sete concertos (um dos quais secreto) e um roteiro paralelo que inclui ainda exposições, mostras de cinema, caminhadas com os artistas do cartaz, jantares comunitários e um programa educativo, a 12.ª edição do Fora do Lugar — Festival Internacional de Músicas Antigas acontece entre esta sexta-feira e 2 de Dezembro (em nove dias não consecutivos), em vários locais de Idanha-a-Nova, vila pertencente ao distrito de Castelo Branco. Produzido pela Arte das Musas em parceria com o município, o festival volta a reunir no seu programa, como é habitual, diálogos e cruzamentos possíveis entre a tradição e a contemporaneidade, bem como entre o popular e o erudito.

O pontapé de saída é dado esta sexta-feira à noite na antiga catedral de Idanha-a-Velha, com uma actuação dos ucranianos Litá. O director artístico do Fora do Lugar, Filipe Faria, explica ao PÚBLICO que são um quarteto de jovens músicos que fugiram para Portugal no ano passado devido à guerra na Ucrânia. Aqui, foram apadrinhados por Denys Stetsenko, violinista seu compatriota que reside em Portugal há muitos anos. Danylo Kliutsko, Ivanna Korzh, Kateryna Sidelnykova e Sofiia Tsyvinska estudam as tradições musicais de diferentes regiões da Ucrânia, tocando vários instrumentos próprios do país.

No dia seguinte, em Monsanto, apresenta-se outro quarteto, o Taracea. Liderado pelo germânico Rainer Seiferth (os outros três membros são espanhóis), este é mais um grupo que toca “nova música antiga”, afirma Filipe Faria. Revisitam “canções do panteão da música europeia antiga”, dos períodos renascentista e barroco, olhando-as de forma algo “descomplexada”, com “pontos de vista que vêm do jazz, da música improvisada”.

Música modal do Médio Oriente

Na semana seguinte, a 24 de Novembro (sexta-feira), os Mashrabiya actuam no Centro Cultural Raiano. A israelita Meira Segal (gaita de foles e ney, instrumento de sopro icónico e basilar da música tradicional do Médio Oriente) e o belga Tristan Driessens (oud e lavta, instrumento de cordas turco) criam composições instrumentais originais que, informa um detalhado comunicado de imprensa sobre a 12.ª edição do Fora do Lugar, fundem elementos de diferentes tradições musicais: a persa, a indiana, a árabe e a otomana. Em Portugal, vão apresentar-se com o percussionista Baltazar Molina, que geralmente é quem toca com o duo quando este actua em solo ibérico, diz Filipe Faria.

No dia 25, sábado, o palco será a pequena capela de Nossa Senhora da Azenha, em Monsanto. Lá, tocará o duo Christos Barbas & Efrén López. O primeiro, grego, é um “virtuoso tocador de ney”, refere o director artístico do Fora do Lugar. Já o segundo, espanhol, toca vários instrumentos de cordas e assina composições neomedievais.

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Os Quidni são "um dos grupos mais importantes de música medieval na Europa", diz Filipe Faria, director artístico do Fora do Lugar Manuel Maio

“Com o leitmotiv do ney”, o programa deste segundo fim-de-semana constitui uma espécie de dedicatória à música modal do Médio Oriente, região que o Fora do Lugar tem visitado frequentemente, conta Filipe Faria. “Como se sabe, tivemos durante séculos uma grande presença árabe na Península Ibérica, e essa presença deixou uma memória sonora colectiva que influenciou muitíssimo a música medieval europeia, por exemplo”, diz.

A 1 de Dezembro, na terceira e última sexta-feira do festival, actuam os Sete Lágrimas. Liderado pelo próprio Filipe Faria e também por Sérgio Peixoto, o consort lançou este ano dois discos, LOA e Folia Nova. Neste último projecto, o grupo, como explica o já citado comunicado, mergulha na poesia portuguesa dos séculos XV e XVI, transportando as palavras para vilancicos originais e contemporâneos.

No dia 2, sábado, actuam, na antiga sé de Idanha-a-Velha, os Quidni, “um dos grupos mais importantes de música medieval na Europa”, diz Filipe Faria. É um trio composto pelo catalão Pere Olivé (percussão), pelo francês Baptiste Romain (viela e gaita de foles) e pela alemã Silke Gwendolyn Schulze (vários instrumentos de sopro). Schulze gravou com os Sete Lágrimas nos dois discos editados este ano e vai tocar com o consort português no dia 1 de Dezembro.

Além destas seis actuações, haverá uma sétima a 25 de Novembro, sábado, pelas 16h30. É um concerto secreto: a organização só revelará os músicos e o lugar 24 horas antes do acontecimento. Todos os concertos são de entrada livre (sujeita à lotação do espaço); o concerto secreto também é gratuito, mas requer inscrição prévia. Esta pode ser feita no site oficial do festival. Com o programa paralelo à música, o número total de propostas ascende a 27.

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