É “normal” e “entendível” Costa ficar com a pasta de Galamba, diz Montenegro

Bloco e PCP insistem que António Costa ainda vai a tempo de travar privatização da TAP. Líder da IL felicita o “novo ministro das Infra-Estruturas”. Chega quer ouvir novo ministro no Parlamento.

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Luís Montenegro não criticou a decisão de António Costa acumular a pasta das infra-estruturas LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS
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Para Luís Montenegro, líder do PSD, é “entendível” e “relativamente normal” que seja o primeiro-ministro, António Costa, a ficar responsável pela pasta das infra-estruturas, que pertencia a João Galamba. “Não era a altura correcta para chamar [ao Governo] um novo membro”, disse Montenegro.

Em Faro, durante o seu périplo Sentir Portugal desta semana, Luís Montenegro não criticou a decisão de António Costa acumular a pasta das infra-estruturas. Pelo contrário, considerou “entendível” que assim seja, acrescentando que seria de “estranhar” que agora houvesse um novo ministro das infra-estruturas “sem capacidade de acção”.

Questionado sobre algumas pastas sensíveis que ficaram em suspenso, como a TAP, Montenegro disse esperar que “esse processo não tenha desenvolvimento”. “Todos sabemos que será o próximo Governo a assegurar a execução de uma decisão de máxima importância”, começou por dizer. “É uma área que não mereceu a concordância do Presidente da República, o que acrescenta ainda mais [argumentos] à decisão” de o primeiro-ministro não o concluir até ao fim da legislatura.

Sobre a localização do novo aeroporto de Lisboa, Montenegro afirmou que, caso venha a ser primeiro-ministro, fará aquilo que fez “até agora como principal partido da oposição”: procurar “consenso do ponto de vista político-partidário”.

Referindo-se a Pedro Nuno Santos, o líder da oposição reiterou a ideia de que “todos aqueles que tiveram responsabilidades” no dossiê da TAP nos últimos anos “foram responsáveis por um crime político e financeiro” — algo que, diz, os portugueses irão poder “apreciar” na campanha eleitoral que se avizinha.

Já Rui Rocha, líder da IL, em declarações no Parlamento transmitidas pela RTP3, aproveitou para, num tom irónico, felicitar o “novo ministro das Infra-Estruturas”, pedindo-lhe que “tenha a isenção e dedicação que, nos últimos dias, não demonstrou como primeiro-ministro” e “se dedique mesmo aos interesses do país e não se ocupe com o seu tempo na interferência de justiça” ou gestão da imagem.

Ainda à direita, André Ventura, também em declarações no Parlamento transmitidas pela RTP3, considerou que o facto de ter sido Costa a assumir as infra-estruturas demonstra que "já ninguém, na sociedade civil, está disponível para ser ministro do PS". No entender do Chega, o chefe do Governo não deveria acumular a pasta: devia, sim, ter nomeado um novo ministro.

Anunciou, também, que o Chega marcará, com urgência, um debate para chamar o ministro das Infra-Estruturas, António Costa, à Assembleia da Republica — realçando que espera que seja o próprio a vir e não um secretário de Estado.

Esquerda insiste no recuo da privatização da TAP

Aos jornalistas, em declarações transmitidas na RTP3, Mariana Mortágua, líder do Bloco de Esquerda, pediu ao Governo que aproveitasse os restantes três meses para “resolver problemas estruturais no país”. “Há decisões nas infra-estruturas que têm de ser tomadas e outras que não deviam ser tomadas”, começou por dizer. “A privatização da TAP é uma que não devia ser tomada”, exemplificou.

"Isso é verdade nas infra-estruturas como é verdade na saúde. E o que é importante é que haja vontade política de resolver os problemas, nomeadamente, os problemas com os profissionais de saúde e chegar a um acordo com os médicos, permitindo que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) tenha capacidade para responder ao mês de Dezembro com todas as dificuldades", acrescentou Mariana Mortágua, citada pela Lusa.

Ainda à esquerda, Duarte Alves, deputado do PCP, disse aos jornalistas que, "independentemente de quem seja o titular da pasta, o importante é responder aos problemas" na área das infra-estruturas. "Há investimentos que é preciso concretizar, nomeadamente na ferrovia. (...) É preciso também investir noutras matérias, na rodovia, e é preciso travar as privatizações, em particular a privatização da TAP", defendeu, citado pela Lusa.

Notícia actualizada com reacções dos partidos

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