Programador do Convento São Francisco, em Coimbra, será escolhido por concurso

Pela primeira vez, cargo de programador do equipamento cultural inaugurado em 2016 será por concurso público. Contrato com programador Luís Rodrigues termina após queixa de assédio.

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Convento São Francisco, em Coimbra arquivo público

O próximo programador do Convento São Francisco, em Coimbra, vai ser escolhido por concurso público, anunciou nesta segunda-feira o presidente da Câmara Municipal de Coimbra, José Manuel Silva, depois de o anterior responsável ter sido demitido após queixa por assédio.

Desde a abertura do Convento São Francisco, em 2016, o cargo de programador daquele equipamento cultural, quer com este executivo, quer com o anterior (de maioria PS), nunca foi escolhido por concurso público, tendo-se optado por avenças por ajuste directo ou recurso a soluções internas.

Na sexta-feira, a Câmara de Coimbra terminou a ligação contratual com o programador do Convento São Francisco (CSF), Luís Rodrigues, após uma funcionária do Café Concerto ter apresentado uma queixa junto da PSP por assédio contra aquele responsável.

Hoje, o presidente da Câmara, José Manuel Silva, em reunião do executivo, disse que "o próximo programador será escolhido ou seleccionado por concurso público".

O autarca referiu que, no âmbito desse processo de concurso público, será ouvido o Conselho Municipal da Cultura.

Entretanto, a programação do CSF será assegurada pela directora do Departamento da Cultura e Turismo, Maria Carlos Pêgo, e pelo chefe de Divisão do Convento São Francisco, Filipe Carvalho.

No período antes da ordem do dia, o vereador do PS José Dias lamentou "a enorme instabilidade" criada no Convento São Francisco, que já contou com "cinco programadores diferentes em apenas dois anos de mandato".

O vereador socialista criticou os "sucessivos episódios de caos na gestão" do CSF e defendeu que o presidente da Câmara, que detém a pasta da Cultura, passe este pelouro a outro vereador do executivo.

"Após deixar cair por terra a apresentação do tão apregoado novo modelo de gestão para o Convento São Francisco, após o abandono da criação de um programa de apoio ao ecossistema cultural, revogando o regulamento municipal de apoio ao associativismo cultural, após os atrasos nos pagamentos às entidades candidatas ao associativismo cultural, após a polémica transformação da Casa da Escrita em Casa da Cidadania da Língua e após este elevado número de saídas numa função-chave desta área, cumpre questionar o que mais precisa de acontecer para o senhor vereador da Cultura transitar a pasta para outro colega", vincou José Dias.

Também o vereador da CDU Francisco Queirós lamentou os "vários incidentes" que levaram à saída de programadores do CSF nos últimos dois anos.

"Há sucessivos casos que têm vindo a ocorrer nesta área da Cultura. O que importa referir é que, em vez de casos, se afirmasse uma política cultural para Coimbra e para este equipamento cultural importantíssimo", frisou.

Uma funcionária do Café Concerto tinha apresentado uma queixa junto da PSP, na terça-feira da semana passada, por assédio contra Luís Rodrigues.

Na sexta-feira, a agência Lusa teve acesso à notificação que a PSP entregou à queixosa, após esta apresentar a queixa-crime, através da qual acusa Luís Rodrigues de a assediar, ao enviar-lhe constantemente mensagens pela aplicação WhatsApp, oferecendo-lhe boleia por diversas vezes, tendo acabado por bloquear o contacto.

Mesmo após o bloqueio, o programador do CSF, que assumiu funções em Junho, em regime de avença, continuou a procurar contactar a jovem por diversos meios, que deixou de se sentir segura quando saía do seu local de trabalho, contou à Lusa a queixosa.

Antes da comunicação da demissão, Luís Rodrigues afirmou à agência Lusa que desconhecia a situação, num breve telefonema em que se escusou a prestar quaisquer outras declarações.

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