Identitarismos

O problema das lutas identitárias não é novo. O que é novo é que, hoje, o identitarismo, apesar de se desdobrar em versões muito díspares, vem mostrando a sua face mais violenta e dogmática.

Ouça este artigo
00:00
06:58

Os novos movimentos sociais (NMS) que emergiram na década de 1960 protagonizaram uma transferência da contestação política da esfera da produção para a esfera do consumo. Ou seja, os velhos combates da chamada “crítica social” (de base materialista) fundadas na luta de classes e no sindicalismo foram cedendo espaço para a “crítica estética” (pós-materialista, culturalista e identitária). O sociólogo francês Alain Touraine foi dos primeiros a teorizar sobre estes movimentos, animados, segundo ele, por três princípios essenciais: identidade (o elemento unificador e agregador); oposição (o adversário ou inimigo); e totalidade (modelo alternativo de sociedade). Como sabemos, esses protestos culminaram com o momento apoteótico do Maio de 68, onde as expectativas de convergência entre aquelas duas forças transformadoras saíram goradas. Se já então as identidades de base classista revelaram evidentes debilidades, a partir daí as tendências de recuo do campo sindical e da ação de «classe» acentuaram-se rapidamente.

Os leitores são a força e a vida do jornal

O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.
Sugerir correcção
Ler 1 comentários