“Há buscas que faltam”: com julgamento adiado, Climáximo convoca “busca popular” à EDP

A greve de funcionários judiciais adiou o julgamento de activistas do movimento Climáximo. Arguidos dizem ser claro que “Governo e empresas estão a participar numa aliança contra a vida”.

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Entre outras acções, um grupo de activistas climáticos do colectivo Climáximo interrompeu o trânsito na rua de São Bento, em Lisboa, a 4 de Outubro CLIMÁXIMO/DR

A greve dos funcionários judiciais adiou esta terça-feira o julgamento de três activistas do movimento Climáximo. No dia em que suspeitas de corrupção na exploração de lítio levaram à demissão do primeiro-ministro, o colectivo pela justiça climática convocou para quarta-feira uma "busca popular" à EDP.

O arranque do julgamento, agendado para as 14h no Campus de Justiça, em Lisboa, foi adiado devido a mais um dia de greve dos funcionários judiciais, que dificultou inclusivamente a emissão de atestados de presença a advogados e arguidos no tribunal.

Os três activistas respondem em tribunal por um crime de atentado à segurança rodoviária, um crime de desobediência e um crime de desobediência qualificada, depois de terem bloqueado, a 19 de Outubro, a Rua da Escola Politécnica, frente ao Museu de História Natural e da Ciência, em Lisboa.

À saída do tribunal, Leonor Canadas, activista do Climáximo e uma das três arguidas no processo, defendeu que "este tipo de processos não faz qualquer sentido, contra alguém que está a lutar pela vida e contra a violência [ambiental] em curso" e recusou ser "uma vítima passiva", questionando quais as consequências do dia de hoje para Governo e empresas.

"Há buscas que faltam"

"O que o dia de hoje deixa visível é que Governo e empresas estão a participar numa aliança histórica contra a vida", declara a activista que diz não perceber a razão de ser ela a estar em julgamento e não empresas como a Galp, a REN ou a EDP.

"António Costa demitiu-se, gostava de saber quantos CEO"s destas empresas se vão demitir", questionou a ambientalista, minutos depois de, numa declaração ao país, o primeiro-ministro, António Costa, ter anunciado que apresentou a sua demissão ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e que não tenciona recandidatar-se ao cargo, considerando que não é compatível com qualquer suspeição de ato criminoso. A demissão acontece após o Ministério Público revelar que o primeiro-ministro é alvo de investigação num inquérito instaurado no Supremo Tribunal de Justiça, sobre os negócios do lítio e hidrogénio.

Face aos acontecimentos de hoje, os activistas do Climáximo, anunciaram para a manhã de quarta-feira, sem hora definida, uma concentração e "busca popular" à sede da EDP. Sinam Eden, outro dos arguidos, referiu que face a todas as buscas e diligências hoje efectuadas, ainda "há buscas que faltam", nomeadamente às grandes empresas cuja actividade tem impacto ambiental, justificando assim a acção convocada para quarta-feira.

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