Autoridade Tributária faz novas buscas na casa do co-fundador da Altice

Ex-CEO da Altice vai ser libertado da prisão domiciliária, tendo como contrapartida o depósito de uma caução de dez milhões de euros. Corrupção e fraude fiscal estão entre os crimes imputados.

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Armando Pereira, ex-director executivo da Altice, estava em prisão domiciliária Daniel Rocha/Arquivo

A Autoridade Tributária (AT) está a fazer novas buscas nesta quinta-feira na casa do co-fundador da Altice Armando Pereira, em Guilhofrei, distrito de Braga, referiu à Lusa a defesa do principal arguido no processo Operação Picoas.

"Confirmam-se buscas que visam verificar se existem novos documentos na casa de Armando Pereira e que, no fundo, são a repetição do que ocorreu em Julho", explicou o advogado Pedro Marinho Falcão, que representa com Magalhães e Silva o co-fundador da Altice, acrescentando: "Os automóveis já tinham sido apreendidos em Julho, e o que se pretende agora é apurar se existem documentos obtidos por Armando Pereira desde Julho e que interessem para a investigação."

Conduzidas pela AT com o auxílio da PSP, as buscas começaram por volta das 10h na residência de Guilhofrei, onde Armando Pereira ainda se encontra em prisão domiciliária até prestar em depósito bancário a caução de dez milhões de euros para poder sair em liberdade.

Neste processo está em causa uma "viciação decisória do grupo Altice em sede de contratação, com práticas lesivas das próprias empresas daquele grupo e da concorrência" que apontam para corrupção privada na forma activa e passiva e para crimes de fraude fiscal e branqueamento.

Os investigadores suspeitam de que, a nível fiscal, o Estado terá sido defraudado numa verba superior a 100 milhões de euros.

Entretanto, a SIC Notícias avançou que pelo menos dez viaturas de luxo foram levadas pelas autoridades hoje também da casa do empresário Hernâni Vaz Antunes, um alegado cúmplice de Armando Pereira que continua em prisão domiciliária. "Os veículos são de alta cilindrada. Estão na casa em Pedralva, Braga, e vão ser levados por uma empresa privada contratada pelo Estado para um lugar seguro. O valor dos carros pode ascender aos 20 milhões de euros", noticiou o canal televisivo.

O PÚBLICO sabe que o mandado de busca à residência do ex-CEO da Altice também permite que dali sejam levadas as duas dezenas e meia de Lamborghinis, Ferraris, Aston Martins e Bugattis, entre outras marcas de luxo, que logo em Julho passado foram apreendidas pelas autoridades no âmbito deste processo, mas que até aqui têm continuado à guarda do arguido, por falta de instalações alternativas adequadas. Armando Pereira, que viu esta quinta-feira as autoridades copiarem o conteúdo do seu telemóvel e do da mulher, tem numa das suas quintas um edifício destinado exclusivamente à colecção de bólides, que inclui um modelo exclusivo, o Bugatti Centodieci, do qual a marca automóvel só produziu dez exemplares, no valor de oito milhões de euros cada. Outro destes exemplares raros foi vendido a Cristiano Ronaldo.

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