Mais de mil migrantes chegaram este sábado às Canárias

Nas últimas 24 horas, chegaram às Ilhas Canárias 1031 pessoas vindas do Norte de África à procura de asilo.

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Migrantes na chegada à ilha de El Hierro, nas Canárias, este sábado EPA/Gelmert Finol
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"Nunca vi tanta gente num só barco." A mesma frase já foi várias vezes repetida este mês entre as equipas de resgate e de emergência nas Canárias. Só neste sábado, mais de mil migrantes chegaram às ilhas espanholas, em embarcações sobrelotadas vindas da costa africana. Uma delas trazia 320 pessoas — um novo máximo de migrantes a bordo de um barco na travessia do Atlântico até Espanha.

Nas últimas 24 horas desembarcaram na ilha de El Hierro 783 pessoas, outras 150 na Gran Canária e 98 em Tenerife, incluindo mulheres, crianças e menores não acompanhados, através de uma das rotas mais mortíferas usadas para chegar ao verdadeiro destino: a Europa.

El Hierro, a ilha mais pequena do arquipélago, com 268 quilómetros quadrados, e uma das mais distantes da costa africana, tinha em 2019 uma população de pouco mais de 11 mil pessoas. É fácil imaginar um paralelo entre a situação humanitária actual em El Hierro e em Lampedusa, na Itália.

Apesar dos riscos, em comparação com os registos de travessias terrestres e através das rotas do Mediterrâneo, o arquipélago é, por larga distância, a maior porta de entrada de futuros requerentes de asilo e refugiados em Espanha.

Desde o início do mês chegaram às Canárias centenas de barcos e milhares de migrantes, motivando tensões entre o executivo de Pedro Sánchez e o governo regional, presidido por Fernando Clavijo, que tem criticado Madrid pela falta de "medidas concretas" para responder à migração ilegal e por estar distante da realidade vivida no arquipélago.

"Por detrás de cada máximo histórico de ocupantes de um barco de madeira, por detrás de cada contagem diária de resgates, estão pessoas que arriscam a sua vida ao fugir da guerra e da fome. A nossa obrigação é colocar estes migrantes à frente das estatísticas, garantindo que são tratados com dignidade e humanidade", escreveu este sábado Fernando Clavijo na rede social X.

Entre 1 de Janeiro e 15 de Outubro deste ano, 23.537 migrantes chegaram às Canárias, num aumento de 80% em relação ao mesmo período de 2022, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. Pelo menos 421 pessoas morreram ou desapareceram no Atlântico na tentativa de chegar a terra. O verdadeiro número de vítimas deverá ser muito superior.

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