Peritos de vários países querem plano para a saúde mental dos idosos

Documento aprovado num evento que juntou mais de 120 peritos de 53 países defende políticas que alavanquem o potencial das pessoas mais velhas e que combatam o idadismo, a violência e o estigma.

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Declaração apela à conjugação de esforços entre países para aproveitar o potencial dos idosos Manuel Roberto (arquivo)

Numa altura em que o mundo (sobretudo a Europa) está a envelhecer a um ritmo acelerado, mais de uma centena de peritos internacionais reunidos em Lisboa defenderam que é urgente adoptar medidas de prevenção para o bem-estar físico, social e mental dos idosos e garantir uma maior oferta de cuidados de saúde, num encontro da Direcção-Geral da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS) a decorrer em Lisboa.

Durante o Encontro Regional sobre Políticas Inovadoras para o Envelhecimento Saudável, que termina esta quarta-feira, foi apresentada a "Declaração de Lisboa", um documento que apela ao "desenvolvimento de planos para a saúde, nomeadamente na área das demências", à oferta de "cuidados de saúde de alta qualidade e acessíveis", bem como ao envolvimento das pessoas idosas na criação de ambientes amigos da idade".

O documento, que foi consensualizado entre peritos de vários países, pede o envolvimento de todos os parceiros, nomeadamente pessoas de organizações internacionais, intergovernamentais, da sociedade civil e organizações não-governamentais, academia, media, sector privado e entidades relevantes, refere a Direcção-Geral da Saúde em comunicado.

Na "Declaração de Lisboa" são definidas cinco prioridades que podem contribuir para o envelhecimento saudável, sendo a primeira a criação de medidas preventivas para o bem-estar físico, social e mental.

Outras prioridades são "a criação de ambientes que tornem possível um maior envolvimento das pessoas nas comunidades ao longo do ciclo de vida, nomeadamente através de uma era digital mais amiga da idade" e o "acesso a cuidados de elevada qualidade, acessíveis e de suporte às pessoas idosas, aos seus familiares e cuidadores".

A "implementação efectiva de políticas que alavanquem o potencial das pessoas mais velhas, nomeadamente combatendo o idadismo, a violência e o estigma" e a "disponibilização de dados e evidência que possam habilitar acções em torno do envelhecimento saudável" são outras prioridades definidas no documento.

Reconstruir a história do envelhecimento

O subdirector-geral da Saúde, André Peralta-Santos, destaca, no comunicado, a importância deste compromisso, afirmando que "a Declaração de Lisboa é uma oportunidade para reconstruir e rejuvenescer, o que só é possível quando vários parceiros e países trabalham em conjunto".

"Temos de garantir que o aumento da longevidade esteja associado a anos com saúde, independência e realização", defende André Peralta-Santos.

Yongjie Yon, responsável da área do envelhecimento e saúde da OMS Europa, refere, por seu turno, que "se pretende reconstruir a história em torno do envelhecimento". "O idadismo separa-nos e atrapalha o nosso potencial colectivo. Vamos quebrar barreiras e criar ambientes amigos das pessoas idosas, que capacitem todos para se conectarem, prosperarem e florescerem", apelou.

O evento juntou mais de 120 peritos de 53 países e foi preparado em articulação com a Coordenação do Plano de Acção de Envelhecimento Activo e Saudável do Ministério da Saúde e do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.

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