Numa década, portugueses ganharam 14,2 meses na esperança média de vida

Diferenças entre sexos na esperança de vida diminuiu para 5,47 anos numa década. O INE estima para o período 2020-2022 que 38% dos rapazes e 57,8% das raparigas sobrevivam à idade de 85 anos.

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Enquanto as mulheres podem contar viver 83,5 anos em média, no caso dos homens a esperança de vida reduz-se para os 78,05 anos Paulo Pimenta (arquivo)
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A pandemia continua a fazer sentir os seus efeitos prolongados no encurtamento da esperança de vida à nascença em Portugal, ainda que estes surjam agora ligeiramente mais enfraquecidos. No triénio 2020-2022, a esperança de vida à nascença foi estimada em 80,96 anos, o que correspondeu a uma redução de 0,01 anos (0,12 meses) relativamente ao triénio anterior, “em resultado, ainda, do aumento do número de óbitos no contexto da covid-19”, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE).

À nascença, os homens podem esperar viver 78,05 anos e as mulheres 83,52 anos. E se no caso dos homens houve um aumento de 0,01 anos, no das mulheres mantém-se uma diminuição de 0,01 anos, segundo as tábuas de mortalidade divulgadas esta quarta-feira.

Ainda assim, o “efeito pandemia” parece estar a esbater-se. No triénio 2019-2021 a diminuição na esperança de vida à nascença tinha sido comum aos dois sexos e bastante mais acentuada: menos 0,30 anos para os homens e menos 0,21 anos para as mulheres. O INE sublinha, todavia, que a ligeira recuperação entretanto registada não bastou para chegar aos valores que tinham sido estimados para 2018-2020.

Já se sabia de estudos anteriores, nomeadamente o Health at a Glance, divulgado em Dezembro de 2022 pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) que a pandemia tinha provocado na generalidade dos países da União Europeia a maior quebra da esperança de vida desde a II Guerra Mundial, que terminou em 1945.

A covid-19 foi a causa directa de mais de 1,1 milhões de mortes reportadas pelos 27 países da UE, numa estimativa que exclui os milhares de pessoas que terão morrido devido ao efeito indirecto da pandemia, nomeadamente a maior dificuldade de acesso a cuidados de saúde. Na altura, a OCDE apontava para uma redução média de um ano e dois meses na esperança de vida. Portugal surgia a meio da tabela deste relatório, com uma redução de sete meses, entre 2019 e 2021.

População ganha 14,2 meses numa década

Descontadas as flutuações ditadas pela pandemia, o balanço da década continua a ser positivo. Segundo o INE verificou-se um aumento de 1,18 anos de vida (14,2 meses) para o total da população portuguesa – mais 16,6 meses para os homens e mais 11 meses para as mulheres. “Enquanto nas mulheres esse aumento resultou sobretudo da redução da mortalidade em idades iguais ou superiores a 60 anos, nos homens o acréscimo continuou a ser maioritariamente proveniente da redução da mortalidade em idades inferiores a 60 anos”, destrinça aquele instituto.

Estas oscilações não alteram o facto de as mulheres continuarem a viver mais anos do que os homens, apesar de se estar a retomar a tendência de convergência entre os dois que tinha sido interrompida em 2019-2021, isto é, durante os anos de pandemia. Nos últimos dez anos, precisa o INE, a diferença na esperança de vida à nascença entre homens e mulheres diminuiu de 5,93 anos em 2010-2021 para os 5,47 anos em 2020-2022.

Assim, o INE estima que para o período 2020-2022 38% dos nados-vivos do sexo masculino e 57,8% do sexo feminino sobrevivam à idade de 85 anos “se sujeitos, ao longo das suas vidas, às condições de mortalidade específicas observadas neste período”.

Esperança de vida aos 65 é de 19,61 anos

Quanto à esperança de vida aos 65 anos, foi estimada em 19,61 anos para o total da população no período 2020-2022. Também aqui se registam diferenças consoante o sexo, já que aos 65 anos os homens podem esperar viver 17,76 anos e as mulheres 20,98 anos. E enquanto a esperança de vida para as mulheres após os 65 anos de idade se manteve inalterada, a dos homens continua a apresentar um declínio de 0,01 anos, comparativamente com o triénio 2019-2021.

A actual estimativa de 19,61 anos após completados os 65 continua inferior aos 19,73 anos de sobrevida após aquele marcador etário que tinham sido estimados para 2018-2020. Mas também aqui o balanço da década surge positivo, porquanto nos últimos dez anos a esperança de vida aos 65 anos aumentou 9,7 meses para os homens e 8,5 meses para as mulheres.

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