PCP questiona Governo sobre gestão da Transtejo e navios eléctricos

A Transtejo Soflusa adquiriu dez novos navios eléctricos a um estaleiro espanhol, sendo que apenas uma embarcação foi comprada completa e “esteve recentemente à beira de ter um incêndio a bordo”.

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A Transtejo Soflusa assegura a ligação entre o distrito de Setúbal e Lisboa Nuno Ferreira Santos

O PCP apresentou dois requerimentos ao ministro do Ambiente e Acção Climática, Duarte Cordeiro. Nos documentos, a que o PÚBLICO teve acesso, o partido questiona o Governo sobre o serviço prestado pela Transtejo Soflusa, o funcionamento e gestão da empresa, e ainda sobre um incidente que teve origem numa das novas embarcações e que quase provocou um incêndio.

Num primeiro requerimento apresentado pelo PCP, o partido começa por perguntar como é que o Governo justifica que, com a entrada de um novo conselho de administração na Transtejo Soflusa, foram nomeadas “novas pessoas para cargos de direcção e chefia com significativos ganhos salariais”, deixando para segundo plano as reivindicações dos trabalhadores.

Tudo isto enquanto se verifica uma falta de navios com condições operacionais e falta de trabalhadores, o que provoca “contínuos cortes na oferta de transporte no serviço fluvial”, escreve o PCP. A Transtejo Soflusa é composta por duas empresas com uma administração comum: a primeira liga Seixal, Montijo, Cacilhas e Trafaria/Porto Brandão (no distrito de Setúbal) a Lisboa e segunda liga Barreiro (no mesmo distrito) à capital.

Focado nos trabalhadores da empresa, o PCP questiona “que medidas estão a ser tomadas para o recrutamento, admissão e treino dos trabalhadores em falta nas diversas áreas”, em particular nas áreas operacionais (que inclui mestres, maquinistas e tripulantes), de manutenção e comercial.

Além de questionar qual o calendário previsto para a “requalificação dos terminais fluviais”, em particular em Cacilhas e no Barreiro, o partido quer saber quais as medidas que o Governo “vai tomar para que sejam intervencionados navios que se encontram imobilizados”, impedindo assim que haja um corte na oferta. É o caso do Ferry “Lisbonense”, exemplifica o PCP.

Sobreaquecimento podia ter originado incêndio

O PCP questionou ainda o Governo sobre um episódio que ocorreu num dos barcos da empresa. A Transtejo e Soflusa adquiriu dez novos navios eléctricos a um estaleiro espanhol, sendo que apenas uma embarcação foi comprada completa: a então baptizada Cegonha-Branca.

De acordo com o segundo requerimento apresentado pelo partido, o Cegonha-Branca “esteve recentemente à beira de ter um incêndio a bordo”. “Terá ficado desligada a ventilação das suas baterias, facto que só não foi mais grave devido à rápida e pronta intervenção dos trabalhadores”, escreve o partido.

Face a este acontecimento, o PCP questionou o ministro do Ambiente e Acção Climática sobre o acompanhamento que tem sido dado pelo Governo a esta situação e, ainda, “que intervenção foi realizada na sequência dos acontecimentos”. Não é a primeira vez que se registam problemas na Cegonha-Branca. Em Março, quando chegou a Lisboa, a embarcação vinha com danos no casco.

Preocupados com os “mecanismos redundantes existentes nestas embarcações” e com a formação que está a ser dada a quem os vai operar, o PCP questiona ainda quais as medidas que o Governo vai adoptar para garantir que os novos navios que irão entrar ao serviço estão “dotados de mecanismos redundantes que lhe permitam fazer frente a semelhantes ocorrências” e que são “garantidas as condições de segurança”.

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