Câmara de Lisboa lança processo participativo de requalificação do Largo do Rato

Intervenção prevista, desde 2015, no programa Uma Praça em Cada Bairro nunca saiu do papel. Autarquia diz que pretende lançar obra para “promover uma melhor imagem e vivência do espaço público”.

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A intervenção prevista no âmbito do programa "Uma Praça em Cada Bairro" nunca chegou a ser posta em prática Miguel Manso
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O problema arrasta-se há décadas e não deverá ter uma solução tão cedo, apesar de as promessas nesse sentido terem quase dez anos. Mas a Câmara Municipal de Lisboa (CML) garante agora estar a dar os primeiros passos na requalificação do Largo do Rato. A faceta mais visível do processo começa com um debate, a decorrer na tarde (17h30) desta quarta-feira, integrado na primeira edição do Festival Bairro Real, a realizar-se até 8 de Outubro. O festival pretende chamar a atenção para a riqueza da vida social e cultural da zona do Príncipe Real, envolvendo empresas, lojas, restaurantes e moradores.

Questionada pelo PÚBLICO, a Câmara de Lisboa assume que “está a desenvolver um processo participativo para a requalificação do Largo do Rato, no sentido de promover uma melhor imagem e vivência do espaço público pelos residentes e utilizadores”. Um processo que, explica a autarquia da capital, “pretende olhar de forma integrada para o Largo do Rato e propor soluções que melhorem o largo e toda a área envolvente”. Na resposta escrita, não é mencionada, contudo, nenhuma calendarização para a prossecução dos trabalhos de remodelação daquele arruamento, cuja realização chegou a estar prevista no âmbito do programa Uma Praça em Cada Bairro, lançado em 2015.

Do caderno de encargos dessas obras, e à imagem do que sucede com as restantes intervenções desse programa, fazia parte o aumento das áreas de circulação pedonal e de esplanadas, a criação de espaços verdes, bem como o privilegiar das soluções de mobilidade suave, reduzindo assim o espaço dos automóveis, que poderiam vir a circular ali através de uma rotunda. O certo é que a planeada intervenção no Largo do Rato, há muito um local transformado num grande entroncamento rodoviário e onde os peões encontram enormes dificuldades no atravessamento, nunca saiu do plano das intenções.

Já em Abril deste ano, a CML dizia ao Diário de Notícias que o concurso de ideias para a realização da intervenção, incluída no programa Uma Praça em Cada Bairro, deveria acontecer em 2024. Questionada agora pelo PÚBLICO sobre se o processo participativo agora desencadeado está relacionado com a intervenção prevista no aludido programa, a edilidade não o clarifica.

Certo é que o “debate informal” a acontecer nesta quarta-feira, nas instalações do Luiza Andaluz Centro de Conhecimento (Rua da Escola Politécnica, n.º 100), vai centrar-se nos desafios do Largo do Rato, com o objectivo de envolver os cidadãos na busca de soluções", para responder à pergunta: “É possível um novo Largo do Rato?”

A discussão será feita “no modelo de world café, informa a câmara, explicando que o mesmo consiste numa metodologia em que 20 participantes, dispostos em grupos de quatro a cinco pessoas por grupo, “partilham e aprofundam as suas opiniões e ideias num ambiente descontraído, de forma a construir uma visão conjunta e a propor estratégias inovadoras para o desafio da sessão”.

Ao PÚBLICO, o presidente da Junta de Freguesia de Santo António, onde o largo se inclui, defende que esta poderá ser uma boa forma de encontrar uma solução para um problema a aguardar uma resposta há muito. “Não se sabe de onde pode vir a melhor ideia para resolver o que temos ali. O certo é que as propostas lançadas até hoje não avançaram, até porque não traziam uma mais-valia evidente para um largo com aquela importância”, considera Vasco Morgado (PSD), notando “nunca ter sido dada uma explicação” para que não se avançasse com a intervenção prevista no plano Uma Praça em Cada Bairro.

Independentemente do que vier a sair do processo participativo agora encetado, o autarca diz não ter dúvidas sobre o que gostaria de ver acontecer ao Largo do Rato. “Seria importante transformar aquela praça num sítio aprazível, em que se pudesse passear a pé e de carro, mas de forma segura. O que ali está, neste momento, é um espaço muito confuso, afunilado e cheio de estrangulamentos de trânsito.”

O festival Bairro Real é organizado pela Associação Príncipe + Real. Durante os cinco dias em que decorre, terá uma programação diversificada, na qual se incluem sessões de ioga ao ar livre, no jardim do Príncipe Real, visitas guiadas ao Jardim Botânico, divulgação das formas de participação e voluntariado existentes no bairro ou oficinas para ensinar a fazer restauro, latoaria ou apenas um gin. Há ainda exposições de artistas que são também moradores do bairro, descontos especiais no comércio local e um concurso para as vitrinas das lojas com a montra mais criativa.

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