Daniel Rocha e a atracção “pelas coisas fortes da natureza”

Foi Daniel que baptizou a Quinta de Monforte, evocação do sítio onde nasceu e da sua atracção pela força granítica. Em criança diziam os amigos da família que deveria ser esse o seu nome: Monforte.

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Daniel Rocha começou a trabalhar em pedreiras aos 15 anos e antes dos 30 tinha já um grupo de empresas no sector. Em 2020, tornou-se produtor de vinho, com a primeira colheita da Quinta de Monforte. Rui Oliveira
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Nascido e criado em ambiente de aldeia, Daniel Rocha, proprietário da Quinta de Monforte, sempre se sentiu atraído pela fortaleza granítica, a força regeneradora do arvoredo e dos ciclos agrícolas. “Pelas coisas fortes da natureza”, como gosta de dizer. Tanto que, em pequeno, os vizinhos e amigos da família até achavam que deveria chamar-se Monforte, tal como a o sítio onde acidentalmente nasceu.

Foi em Paradela de Monforte, uma aldeia de Chaves onde os pais permaneciam por motivos profissionais, mas todas as raízes estão em Marecos, nas fraldas da cidade de Penafiel, onde cresceu e se fez homem. Ao lado da Quinta da Naia, uma imponente propriedade secular agarrada às rochas da encosta, a tal natureza forte que sempre o fascinou. “Nunca imaginei que um dia poderia ser dono de uma coisa tão grande”, relembra, lançando o olhar sobre os belíssimos patamares de vinha que construiu na propriedade.

Foi mesmo pela força do granito que isso foi possível. Concluída a escola, com 15 anos, Daniel começou a trabalhar com o pai na exploração de pedreiras, mas depressa passou a explorar actividades complementares à extracção da pedra. Com tanto sucesso que, em pouco tempo, criou um grupo de empresas congregando centenas de funcionários e dezenas de milhões em facturação.

Daniel Rocha, proprietário da Quinta de Monforte, com o enólogo Francisco Gonçalves Rui Oliveira
Prova de vinhos na Quinta de Monforte (Penafiel) Rui Oliveira
Vinhas da Quinta de Monforte (Penafiel) Rui Oliveira
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Daniel Rocha, proprietário da Quinta de Monforte, com o enólogo Francisco Gonçalves Rui Oliveira

Ainda jovem, antes dos 30 anos, cumpria-se o sonho não imaginado da compra da quinta, que depois de recuperada e reformulada para a vinha adopta o nome que lhe apontavam na infância. Com 100 hectares, 40 plantados com vinha, a Quinta de Monforte é hoje o resultado de uma profunda remodelação. Restaurado o casario, as múltiplas parcelas e patamares foram convertidos em amplos terraços de vinhas sustentados por muros de granito.

Um jardim vitícola com as castas tradicionais, onde predomina a loureiro, seguida por alvarinho, azal, padeiro e vinhão. Daniel não esconde o orgulho na propriedade. “A vinha é feliz aqui em Monforte. Pelas características dos solos, a robustez das castas, a orientação em encosta voltada a sul e poente, tudo se conjuga para uma produção de qualidade”, expõe, ao mesmo tempo que dá conta do prazer que lhe proporciona. “Adoro os passeios com os meus dois filhos [de 4 e 2 anos] por entre as vinhas. Provar as uvas, conversar com os técnicos, é uma paz saudável e entusiasmante.”

Um território abençoado. Com a aquisição concretizada em 2014 e a plantação concluída em 2016, “no ano seguinte já colhemos algumas uvas”. A primeira vindima a sério foi em 2020, com a produção das primeiras 50 mil garrafas com a marca Quinta de Monforte. No ano seguinte engarrafaram 70 mil, e 100 mil em 2022. “O objectivo é estabilizar nas 250 mil garrafas”, projecta Daniel Rocha, que em paralelo tem já em andamento a execução da componente de enoturismo, com hotel vínico e uma moderna adega e sala de provas. O projecto é do arquitecto Fernando Colho, o mesmo que idealizou o complexo de Monverde.

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Este artigo foi publicado no n.º 10 da revista Singular.

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