RARA chega a Lisboa para mostrar (e vender) peças de artistas e artesãos açorianos

A Residência de Artesanato da Região dos Açores (RARA) leva artistas ao arquipélago há nove anos para os unir aos artesãos locais. Agora, o projecto apresenta-se no continente.

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O cesteiro Alcídio Andrade acompanha o projecto em São Miguel Mariana Lopes
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A residência artística de 2023, em Santa Maria Mariana Lopes
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Macheia com Horácio Raposo Mariana Lopes
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Alcídio Andrade com as artistas Mariana Lopes
ARRISCA - Associação Regional de Reabilitação e Integração Sociocultural dos Açores
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O artista Bráulio Amado Mariana Lopes

Há nove anos que a Residência de Artesanato da Região dos Açores (RARA) une os artesãos locais a designers de produto naquele arquipélago. Pela primeira vez, as peças poderão ser compradas. O resultado deste diálogo está exposto para venda na loja Depozito, em Lisboa, a partir desta sexta-feira, 29 de Setembro. Às 17h, haverá uma apresentação oficial com o curador Miguel Flor e a participação de alguns artistas.

Ao longo de nove edições, já estiveram no arquipélago, para a residência artística de duas semanas, 26 artistas de sete nacionalidades com 15 artesãos locais. Juntos criaram 205 protótipos, 53 dos quais podem agora ser comprados ou encomendados para produção. O Depozito, um projecto de A Vida Portuguesa na Rua Nova do Desterro, também passará a ter algumas peças de forma permanente.

No fundo, sempre foi este o propósito da RARA, um projecto da Associação Cultural Anda&Fala, responsável também pela organização do festival Walk&Talk, em São Miguel. “Quando convido, os designers vêm conhecer os artesãos e perceber as técnicas. Invariavelmente acabam por desenvolver um produto que possa ser comercial”, começa por explicar ao PÚBLICO o fotógrafo e criador de moda Miguel Flor, responsável pela residência.

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Miguel Flor com um dos artesãos Mariana Lopes

O carácter comercial é também uma das soluções para o risco de extinção que enfrentam algumas formas de artesanato: “Ao experimentarmos linguagens mais contemporâneas com estes ofícios, estamos a dar valências e oportunidades para que outras pessoas que queiram pôr a mãos na massa sejam motivadas. Esse é um dos grandes propósitos do projecto.”

Ao longo de nove anos, já levaram a São Miguel nomes como Bráulio Amado, Carolina Brito, Eneida Lombe Tavares, Pedrita Studio, Sam Baron, Tim Lahan ou as Macheia. Trabalharam lado a lado com artesãos como Alcídio Andrade, especialista na cestaria em vimes, ou o carpinteiro Horácio Raposo, que esculpe madeira de criptoméria.

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A artista Margarida Lopes Pereira com Aida Bairos e Marina Mendonça Mariana Lopes

São os artesãos que fazem as peças que poderão ser compradas e encomendadas. Uma parte do lucro da venda fica para o artista e para o artesão. O restante reverte a favor da RARA, de forma a garantir a sustentabilidade e continuidade do projecto, que também é apoiado pelo governo regional açoriano.

Do catálogo da RARA, destacam-se, por exemplo, uma queijeira feita em vime e madeira dos Pedrita Studio (120€), pratos em cerâmica dos Bartek Mejor (186€), a fruteira para laranjas das Macheia (199€) ou os cestos de vime de Soraia Gomes Teixeira (85€).

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A "Laranja Pendular" das Macheia Mariana Lopes

Este ano, pela primeira vez, a residência artística aconteceu em Santa Maria e os artistas convidados ─ Ivo Oliveira Rodrigues e Margarida Lopes Pereira ─ experimentaram novas técnicas de artesanato, como a cestaria em espadana ou o barro, das artesãs Aida Bairos e Marina Mendonça. “Foi uma experiência imersiva. É bom para as pessoas que vivem no arquipélago, para os artesãos e para os designers”, celebra Miguel Flor, que se confessava “receoso” por fazer a experiência noutra ilha, sobretudo fora do calendário do Walk &Talk.

Contudo, a experiência foi tão bem sucedida, que já quer repetir. A ideia é alternar entre o habitual espaço em Ponta Delgada e outra ilha do arquipélago. Para tal, é preciso apoio das autarquias e do governo, reitera, embora esteja optimista. “A abertura e disponibilidade que esta gente tem em receber-nos e em acolher novas ideias, já é tudo. É de facto algo que tem muito a ver identidade açoriana”, termina.

Além das peças que estão disponíveis para venda, a exposição no Depozito incorpora algumas experiências artísticas desenvolvidas na RARA desde 2014. A mostra está patente até 16 de Outubro.

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