A vida suspensa nas mulheres de Jean-Luc Lagarce

Segundo capítulo de uma trilogia sobre o regresso do filho pródigo, Estava em Casa e Esperava que a Chuva Viesse chega ao Teatro da Politécnica, em Lisboa, numa encenação de Andreia Bento.

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Cinco mulheres esperam um filho pródigo: a nova peça dos Artistas Unidos Jorge Gonçalves
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São cinco mulheres e entram em casa aos poucos, silenciosas, olhando-se, deixando o ar encher-se com uma tensão fina mas pesada, uma possível ameaça de desgraça prestes a despencar e a abater-se sobre elas. A primeira a falar, a filha mais velha, há-de começar por dizer a frase que dá título à peça de Jean-Luc Lagarce (1957-1995), Estava em Casa e Esperava que a Chuva Viesse (como um poema nomeado a partir do seu primeiro verso), enunciando a espera como a sua condição de sempre. “Todos os anos que vivemos e que perdemos, porque os perdemos, todos estes anos que passámos à espera dele, dele, o irmão mais novo, desde que partiu, fugiu, nos abandonou, desde que o pai o escorraçou”, dirá em seguida, num resumo perfeito de tudo o que fervilha no penúltimo texto para teatro do dramaturgo francês, estreado em 1994, um ano antes da sua morte.

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