FC Porto entra na Champions à procura de conforto

“Dragões” estreiam-se, nesta terça-feira, na liga milionária, em Hamburgo, frente ao Shakthar Donetsk.

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Pepe será o capitão do FC Porto em Hamburgo EPA/FERNANDO VELUDO
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O resultado será sempre o imperativo para uma equipa de futebol e, nesse sentido, não se pode dizer que a época esteja a correr mal ao FC Porto. Tirando a derrota na Supertaça, a abrir o programa oficial de 2023-24, os “dragões” seguem invictos no campeonato e no topo da I Liga, com quatro vitórias e um empate. Mas não têm sido jogos com elevado grau de incómodo e é evidente que Sérgio Conceição tem testado várias estratégias para dar outro conforto à equipa. Nesta terça-feira, em Hamburgo, vai ser assim na estreia do FC Porto na Liga dos Campeões frente ao Shakhtar Donetsk (20h, Eleven 1): o resultado estará primeiro, mas também se deseja um acrescento de conforto e de confiança.

Todas as vitórias que o FC Porto conseguiu no campeonato foram por apenas um golo de diferença – em três delas começou o jogo a perder e, em duas, só marcou o golo da vitória na compensação. Isto não é sinal de uma equipa a nadar em conforto. Conceição bem tentou uma revolução na Amadora, com um perfil táctico diferente e outros jogadores, mas duas lesões nos primeiros 15 minutos (Marcano e Evanilson) esvaziaram bastante os propósitos do seu treinador, que ficou com menos dois jogadores para este confronto com o campeão ucraniano obrigado a jogar longe de casa.

Irá Conceição manter o 3x5x2? Ou irá reverter para aquele que tem sido o seu plano habitual? O técnico do FC Porto não revelou as suas intenções, mas admitiu que a sua vida desde que chegou ao Dragão em 2017 é uma reinvenção permanente, seja devido ao mercado ou às lesões.

"Os meus anos aqui são recomeçar, refazer. Em relação à última Champions, não tenho cinco daqueles que jogavam com regularidade, 50% da equipa. Na Amadora, a vitória não foi brilhante em termos de jogo jogado, mas estamos nesse processo. Não desculpa nada. Se vamos manter o 3x5x2? Não posso responder porque faz parte da estratégia, poderá ser que se mude alguma coisa pela importância que o Marcano tem para nós", referiu Conceição.

Mais à frente na conferência de imprensa em Hamburgo, o treinador portista admitiu estar limitado nas suas opções devido a lesões (Marcano, Evanilson, Veron e Namaso) e castigo (Pepê), e que o mercado também levou alguns jogadores importantes na época passada (Otávio e Uribe). Mas garante ter "um grupo que dá garantias para um determinado plano". E afasta qualquer cenário de suposta crise.

"Nestes anos, estreei 40 jogadores na Champions. Nessas equipas de 2004 e 2011 havia uma espinha dorsal e todos os jogadores tinha pelo menos três anos no clube. Não é uma crítica ao clube no mercado, ficámos com o máximo de jogadores que achávamos importantes. Mas todos os dias é um recomeçar constante. Acabamos um jogo e olhamos para o próximo. O sétimo ano é como os casamentos. Crise do sétimo ano, não é o que costumam dizer? Mas quando há uma paixão grande, isso é superado e é uma vida inteira."

Tal como o FC Porto, o Shakhtar Donetsk é quase um fixo da Liga dos Campeões, como crónico campeão ucraniano (14 títulos), mas, sendo o representante de um país que está em guerra com um invasor, nem sequer pode jogar em casa e o seu poder de atracção para jogadores, sobretudo brasileiros, já não é o mesmo de outros tempos. Ainda assim, a formação agora treinada por Patrick van Leeuwen (mas que já teve os portugueses Luís Castro e Paulo Fonseca no banco) terá esse combustível emocional de representar a Ucrânia no futebol europeu, sem dúvida uma motivação diferente da de qualquer outra equipa que jogue nesta Champions.

Conceição sabe bem o que vale a motivação num contexto competitivo e, no caso do Shakhtar, essa motivação extra pode ajudar a superar outras limitações: "Estamos habituados a ver o Shakhtar a ser a equipa número um da Ucrânia, as equipas superam-se nas dificuldades. Eles tentam honrar a sua luta e o seu país e teremos uma equipa motivada. É verdade que tem menos estrangeiros mas tem mais jovens de qualidade formados no clube, e jogadores com experiência. Temos os ingredientes para um bom jogo."

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