O perfil de que os enfermeiros e os portugueses necessitam!

A eleição do bastonário(a) da Ordem dos Enfermeiros e dos respetivos órgãos sociais reveste-se de elevada importância para toda a classe, a maior do setor da saúde, mas também para os portugueses.

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Em novembro próximo, terá lugar a eleição para bastonário(a) da Ordem dos Enfermeiros e dos respetivos órgãos sociais e esse momento reveste-se de elevada importância para toda a classe, a maior do setor da saúde, mas também para os portugueses, porque o nível de valorização e de satisfação daqueles profissionais refletir-se-á naturalmente na população em geral. Daí que o perfil de quem se candidata e tem o potencial de vir a ser eleito conte e muito. Sobretudo pela capacidade de agregação e de influência que pode vir a ter. E eu diria, menos por motivos corporativos, que seriam intrinsecamente egoístas, mas em razão do reflexo que a existência de enfermeiros motivados e de políticas de saúde adequadas às necessidades dos cidadãos, que não podem deixar de contar com o contributo de uma importante parte da solução, têm, indubitavelmente, em todos nós. Sendo um cargo eminentemente político, há um conjunto de atributos que considero basilares para se alcançarem aqueles desideratos e se possa afirmar, no final e factualmente, que existiram ganhos.

Mas há um a priori que terá forçosamente a ver com questões pessoais, que só o próprio deve considerar, sem necessidade de responder a quaisquer questionários de índole meramente propagandística, i.e., saber se tem as condições para estar "à vontade" com a exposição a que o cargo vai conduzir, para manter permanentemente intacta a força da sua intervenção.

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Relativamente às qualidades, importa muito encontrar um perfil de candidato(a) que promova a participação dos enfermeiros e lhes dê esperança, e seja, simultaneamente, uma personalidade socialmente reconhecida. E nesse sentido, quero centrar-me essencialmente em cinco condições, que considero prioritárias.

Em primeiro lugar, o candidato tem de ter um currículo de mérito, um percurso com significado que o qualifique para a função e o posicione confortavelmente nos palcos em que vai, naturalmente, movimentar-se. Em segundo lugar, deverá ser alguém com independência política, para estar liberto de ciclos eleitorais e de condicionalismos ideológicos que limitem a sua ação.

Não esqueçamos também, em terceiro lugar, que deverá ter uma ideia clara e estratégica do caminho a seguir, numa visão de médio e longo alcance para a profissão e para o sistema de saúde português, na sua globalidade, que garanta o efetivo reconhecimento das qualificações dos enfermeiros e a obtenção de melhores condições de trabalho, com a dignidade para que aponta o seu mandato social e o desenvolvimento da enfermagem, enquanto ciência e profissão, bem como a participação ativa dos enfermeiros nas decisões que importam.

Salienta-se ainda, e como quarta condição, que deverá ser um conciliador, que inclua, que incorpore, que integre, que pacifique, porque todos são importantes, mesmo que com pensamentos divergentes. E nesse sentido, é líder quem se rodeia de pessoas competentes para o bem assessorarem e que esteja aberto a críticas e a ouvir todas as abordagens.

Finalmente, e em quinto lugar, terá de ser dotado de uma excelente capacidade de comunicação, para bem passar as mensagens para o interior, para a classe, mas especialmente para o exterior, não apenas para a população, como também para o poder político, para os decisores que têm influência direta no caminho que seguiremos todos, dos enfermeiros aos clientes dos cuidados.

Os enfermeiros têm uma relevância social ainda longe de estar suficientemente reconhecida e é importante que se avance nesse sentido. Uma coisa é certa, alguém irá ser eleito e, qualquer que seja a solução aprovada, não haverá qualquer caos, há que afirmá-lo, a instituição continuará a funcionar, as consequências é que poderão ser mais ou menos satisfatórias. No final, estou convicto de que o nível de participação no ato eleitoral atestará a perceção que os enfermeiros tiveram da maior ou menor aproximação ao perfil de liderança do(s) candidato(s) que pretendem para a sua associação profissional.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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