Disciplina no râguebi – não se ganha sem a ter

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Finalmente começou o Campeonato do Mundo de râguebi. Depois de quatro anos de espera, está de volta e, embora sem a espectacularidade que ambicionávamos, os três primeiros dias trouxeram-nos alguns jogos competitivos com uma tendência: as equipas que não conseguiram ser disciplinadas durante os 80 minutos, perderam o jogo. Foi assim com a Nova Zelândia, Argentina, Geórgia ou mesmo o Chile.

No esperado primeiro jogo do torneio, a França foi uma justa vencedora e os "all blacks" (irreconhecíveis na 2ª parte) não conseguiram contrariar o jogo francês.

Fisicamente, tiveram muitas dificuldades em ganhar os duelos na zona do contacto, facilitando a reciclagem rápida da bola pela França e consequente criação de perigo nas zonas mais abertas do campo, o que permitiu aos franceses jogarem em zonas de maior pressão para a Nova Zelândia e, pouco a pouco, ir dilatando o resultado.

Quando tinham a bola, os neozelandeses jogaram demasiadas vezes ao pé na tentativa de conseguir algum domínio territorial, mas com pouco sucesso. E, pela primeira vez em muito tempo, não lançaram do banco jogadores com capacidade de trazer coisas diferentes ao jogo. Vamos ver como evoluem no torneio.

Já o Inglaterra-Argentina, foi marcado pela ausência de ensaios nos 27 pontos que a Inglaterra marcou para ganhar à Argentina. Reduzida a 14 jogadores desde muito cedo, a Inglaterra fez do jogo táctico e do domínio territorial a sua grande arma. George Ford capitalizou muito bem a ausência do capitão Owen Farrel e foi o maestro que o jogo pedia, com uma exibição praticamente imaculada num jogo de râguebi típico da Inglaterra que a falta de disciplina da Argentina (que se traduziu em 18 pontos sofridos por penalidades), a impediu de contrariar.

A África do Sul, sem surpresas ganhou a uma Escócia que não conseguiu manter na segunda parte a exibição que fez na primeira parte.

E foi para o fim que ficou aquele que foi o melhor jogo do torneio até agora. País de Gales ganhou a uma equipa das Fiji que evoluiu muitíssimo num jogo com oito ensaios - quatro para cada equipa - e com emoção até ao fim. Que haja mais jogos assim!

Notas Finais:
Sendo um jogo complexo, as equipas sempre tiveram de se adaptar ao critério do árbitro que dirige os trabalhos. Mas houve demasiadas situações semelhantes a serem ajuizadas de forma diferente para que o jogo saia beneficiado. Quer no próprio jogo, casos de Jaco Peyper (França-Nova Zelândia) e de Matthew Carley (Gales-Fiji), quer de jogo para jogo (com o critério da expulsão de Tom Curry a não ser seguido em outras situações semelhantes).

Tal como as equipas, também os árbitros do torneio irão ter um processo de análise e, espera-se, estarão melhores na próxima ronda.

Os hinos nacionais são um dos momentos altos dos jogos internacionais de râguebi. E muitas equipas (com os nossos Lobos à cabeça) usam-nos como ferramenta de motivação e para passarem para um estado de foco máximo.

Os coros infantis que a organização está a usar para os hinos estão a descaracterizar completamente este momento. Espero que se volte ao normal já na próxima ronda de jogos!

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