O alheamento do cidadão comum vs. o oportunismo político

A imagem dos partidos está desgastada, fruto de décadas de erros cometidos.

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A classe política está, cada vez mais, descredibilizada devido aos casos e casinhos que abundam no nosso País. Um elevado número de pessoas deixou de acreditar nos políticos e acabam por se alhear dos problemas comuns e abdicar do seu direito ao voto.

Aquela velha máxima que “os políticos são todos iguais, só querem é tacho” predomina no pensamento de demasiadas pessoas e infelizmente, têm razões de sobra para pensar dessa forma. A imagem dos partidos está desgastada, fruto de décadas de erros cometidos, como são exemplo a promoção do carreirismo político em vez do mérito e os lobbies de interesses que se foram instalando.

Esta circunstância, para além de levar muita gente a alhear-se dos problemas, afasta muitas pessoas válidas da vida política e destorce por completo a finalidade e nobreza de estar na vida política, que objectivamente deveria encarada como uma missão ao serviço da comunidade, temporária e respeitada.

Infelizmente, caímos neste ciclo vicioso de que agora é muito difícil sair: são poucos aqueles que resistem às tentações do poder e zelam genuinamente pelo interesse das pessoas, sendo muitas vezes colocados no mesmo saco dos outros injustamente. Essa minoria que vai resistindo, tende a desaparecer com o passar do tempo se nada for feito para contrariar a triste realidade que vivemos.
Tenho sérias duvidas de que os partidos consigam inverter este ciclo, porque o modus operandi está demasiado enraizado, mas se houvesse essa vontade, haveria forma de mudar alguma coisa, bastava legislar nesse sentido, da mesma que existe a limitação de mandatos, deveriam existir requisitos específicos para se poder exercer cargos políticos, como por exemplo a obrigatoriedade de não ter cadastro judicial, o limite de anos a exercer qualquer cargo político ou a obrigatoriedade de ter percurso profissional.

Mas estes tipos de medidas, obviamente, não interessam à maioria da classe política que gravita em torno dos partidos para se sustentarem a si próprios ou os amigos. Pelo contrário, interessa preservar o status quo vigente, pois o alheamento e afastamento dos cidadãos dos problemas comuns e da vida política, favorece o oportunismo, os lobbies de interesse e a corrupção que impera no nosso país.

Enquanto os portugueses assistirem passivamente ao que se passa, esses predadores que se apoderaram do país há décadas, continuarão os seus percursos sinuosos e nós contribuintes continuaremos a sofrer na pele os seus desmandos, “comendo e calando”.

Até quando aguentaremos isto? Julgo que vamos chegar ao limite mais rápido do que se pensa, porque começando a “faltar o pão na mesa” e “uns trocos no bolso”, o povo vai acordar. Espero que ainda a tempo…

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