Tempestade de granizo “dizimou um ano de trabalho” na vinha e no olival de Valpaços

Tempestade de granizo “dizimou um ano de trabalho” na vinha e no olival de Valpaços

Foto
Valpaços é um dos pontos do país mais afectados pelo mau tempo do último fim-de-semana Maria João Gala

Em Valpaços contabilizam-se os estragos do granizo que dizimou olival e vinha, depois de um "fim-de-semana trágico". "A tempestade" de granizo "dizimou um ano de trabalho" na vinha e no olival, em Valpaços, e é preciso "socorrer os agricultores". O balanço é feito pelo presidente da Autarquia local, que começou esta segunda-feira a fazer um levantamento dos prejuízos.

"Foi um fim-de-semana trágico para o concelho de Valpaços", sublinha Amílcar Almeida, referindo-se à queda intensa de chuva acompanhada de granizo e vento que, no sábado, atingiu o município do distrito de Vila Real.

O autarca conta que se abateu uma "forte tempestade de granizo em algumas freguesias do concelho de Valpaços" e que em algumas localidades há uma perda de quase 100% na vinha, olival e produtos hortícolas.

Mas, aponta, há ainda prejuízos em infra-estruturas municipais, detalhando que, após o mau tempo, ficaram "estradas levantadas" e há ainda consequências "a nível de condutas de água e de saneamento".

Esta segunda-feira, começou a ser feito o levantamento dos prejuízos com a colaboração dos presidentes das juntas de freguesia afectadas, nomeadamente Valpaços, São Pedro de Veiga de Lila, Zebras, Água Revés, Argeriz, Possacos, Fornos, Santa Valha e Vilarandelo.

"Já articulámos com o Ministério da Agricultura e esperamos que hoje [dia 4 de Setembro], da parte de tarde, alguém se desloque ao concelho para tomar conhecimento no local, para que nós consigamos chegar às entidades competentes, nomeadamente ao Ministério da Agricultura, para poder fazer algo por estes agricultores. Muitos deles sobrevivem à custa do trabalho de todo o ano e, de facto, passado meia hora, vêem dizimado todo o trabalho", afirmou.

Os técnicos da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte (DRAPN) vão percorrer as áreas mais afectadas dos concelhos de Valpaços e de Mirandela, já no distrito de Bragança.

Amílcar Almeida salienta que "é preciso socorrer os agricultores" e lembra que a principal actividade económica do concelho é a agricultura, concretamente nas produções de azeite, vinho e castanha.

Há dois anos, a Cooperativa dos Olivicultores de Valpaços recebeu cerca de 13,5 milhões de quilos de azeitona, um valor que desceu para metade no ano passado, prevendo-se para a próxima campanha uma produção idêntica à de 2022.

Arnaldo Varandas, 65 anos e agricultor em Lagoas, diz que "a mãe natureza" fez "uma rasteira" aos produtores. "Grande parte da nossa produção foi para o chão, foi por terra", conclui.

O agricultor aponta para o chão cheio de azeitona caída das oliveiras devido ao mau tempo, mas salienta que a que ficou na árvore e foi atingida pelas pedras de granizo ficou picada e pode ficar preta, e até cair antes da apanha prevista para Novembro.

Até lá, terá que "fazer contas" para avaliar se vale a pena fazer a apanha da azeitona, já que agora se faz com máquinas agrícolas e o custo é elevado. No olival prevê uma perda de produção de cerca de 80% e na vinha à volta dos 50%.

No ano passado, disse, Arnaldo Varandas colheu 10 toneladas de azeitona e, para este ano, aponta para "uma ou duas toneladas". O agricultor aguarda agora indicações para a vindima, mas partilha que quer "tentar acelerar o corte de uvas" nos seus cinco hectares de vinha. No ano passado colheu 26 toneladas de uva, menos que as 44 toneladas colhidas em 2021.

"O granizo estragou a folhagem, a planta, rasgou as uvas e partiu também cachos. Se não vindimarmos com alguma brevidade perderemos a qualidade no vinho", explica.

Em Castro, António Faustino e a mulher Clara apontam para uma quebra de produção de uva de cerca de 40%. O problema, destaca este produtor, é que o que ficou "vai apodrecer tudo". Há, por isso, que fazer "o mais rapidamente possível" a vindima, que estava prevista apenas para o final do mês.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários