Região do Dão espera vinho em boa quantidade e qualidade

O Dão espera um ano de “bom vinho, com qualidade e em boa quantidade”, apesar do escaldão das videiras em algumas zonas. As temperaturas elevadas da semana passada obrigaram a rever planos de vindima.

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No Dão, já arrancaram as vindimas das uvas brancos para espumante e, em alguns casos, para vinho tranquilo também Sérgio Azenha

O Dão espera um ano de "bom vinho, com qualidade e em boa quantidade", apesar do escaldão das videiras em algumas zonas, disse à agência Lusa o presidente da Comissão Vitivinícola Regional (CVR Dão).

A região foi uma das que o Terroir não conseguiu ouvir há um mês quando a maioria das 14 regiões vitivinícolas portuguesas fazia já contas à vida, com previsões de produção para a vindima deste ano (na mesma altura, decorriam já vindimas no Algarve, dez dias mais cedo do que em 2022).

"As expectativas são muito boas, em relação à qualidade e à quantidade. Esperamos ter um bom vinho e em boa quantidade", realçou Arlindo Cunha, informando que "o escaldão de há uns tempos e agora este, dos últimos dias [na semana passada], com temperaturas muito altas, acima dos 40 graus, afectou algumas zonas mais secas", sendo por isso "natural que as videiras se tenham ressentido".

Nada que preocupe os responsáveis da CVR Dão. "Isso, no geral e na expressão da região, não deverá ter um grande impacto", vaticinou. A produção, considerou, está "estável e ao mesmo nível do ano passado".

Segundo Arlindo Cunha, nesta altura "já estão a ser feitas as vindimas dos brancos para espumantes" e "já há produtores a fazer vindimas para o branco normal".

A propósito do arranque das vindimas e das temperaturas elevadas da última semana, Tiago Macena, enólogo em várias regiões e produtor no Dão (projecto No Rules Wines) escrevia este fim-de-semana no Instagram: "Sábado de Dão, Domingo de Alentejo. Duas vinhas de idade avançada, que não se deram bem com os calores da semana passada. Amanhã serão vindimadas ao mesmo tempo".

E, como Macena, haverá outros produtores a alterar planos de vindima para mitigar os estragos do calor extremo e conseguir fazer os vinhos nos perfis pretendidos.

Segundo o presidente da CVR Dão, "daqui a uma semana", deverá começar a vindima dos tintos, com a Tinta Roriz. "E, depois, o restante será mais para meados de Setembro", concretizou em declarações à Lusa.

"Se agora chovesse durante dois diazinhos, sem ser chuva em excesso, seria o ideal para as uvas", comentou ainda Arlindo Cunha, a propósito dos últimos dias de "temperaturas muito elevadas e ausência de chuva". "Mas", fez notar, "mais do que a temperatura baixar, o que poderá complicar a colheita é água em excesso". "Ou seja, se vier chuva prolongada vai ser mais complicado, principalmente se for em Setembro, na altura da vindima dos tintos", admitiu.

Aumento de 10% no preço médio por litro

No primeiro semestre de 2023, e segundo comunicou às redacções a CVR Dão no início de Agosto, os vinhos da região que reivindica para si o berço das castas Touriga Nacional e Encruzado "registaram um aumento de 10% no preço médio por litro", passando este para 4,10 euros, e naquele que será "o maior ajustamento [verificado] entre os vinhos portugueses, face ao período homólogo de 2022".

Citando dados recentes do Instituto Nacional de Estatística, relativos ao mercado externo, a Comissão Vitivinícola referia então que, "entre Janeiro e Junho de 2023, os vinhos da região demarcada do Dão exportaram para mais de 70 países". Desses, aqueles que têm maior expressão "em volume" são "a Noruega (383%), a Polónia (369%) e a Suécia (48%)".

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