Violência sexual no contexto da Igreja Católica – prevenção e ação

Comissões Diocesanas de Proteção de Menores, vários institutos religiosos, catequistas, professores de Educação Moral, Religiosa e Católica e escuteiros estão muito recetivos a percorrer este caminho.

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Acredite-se ou não em Deus, temos de acreditar no amor. Na fé. Eu acredito na fé. Na fé das pessoas. No poder da fé das pessoas”, escreveu Pedro Chagas Freitas há dias, a propósito da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

Revejo-me totalmente nestas palavras. A JMJ – permitam-me que fale ainda nela, mesmo depois de mais de duas semanas após a sua realização – conseguiu mostrar que as lideranças que inspiram são as lideranças que movem pessoas. Num discurso pautado pela inclusão e pela abertura da Igreja Católica ao mundo atual, o Papa Francisco sublinhou que é preciso agir, e agir concretamente sobre a problemática da violência sexual.

Pensando sobre a violência sexual no contexto da Igreja Católica, o Papa escutou as vítimas no primeiro dia da sua agenda, dando um sinal claro de que este é um tema prioritário. Importa, então, agir (permitam-me a repetição). E agir é abrir caminho.

Num primeiro momento, é preciso sensibilizar para o tema da violência sexual e para o seu impacto negativo, não apenas nas vítimas, mas também nas suas famílias e em toda a comunidade. Num segundo momento, importa capacitar.

Sensibilizar e capacitar são dois eixos da prevenção primária ou universal da violência sexual, que deve ocorrer em qualquer contexto onde se movimentem crianças, jovens e adultos mais vulneráveis, como o contexto da Igreja Católica.

Quando falamos em prevenção primária ou universal falamos em agir antes de o perigo existir. Proteger, procurando minimizar os fatores de risco associados à problemática da violência sexual, ao mesmo tempo que se promovem fatores de proteção.

Neste âmbito, existem diversos temas-chave que são habitualmente abordados:

  • Corpo – conhecer o corpo humano e os conceitos de partes privadas e não privadas;
  • Toques – distinguir entre toques adequados e desadequados e conhecer os limites dos toques, independentemente da cultura ou do estatuto de quem toca;
  • Segredos – compreender a diferença entre segredos bons (associados a emoções agradáveis, como a alegria) e segredos maus (que geram emoções desagradáveis, como o nojo, a raiva, a vergonha ou a culpa, e que estão muitas vezes associadas a situações de ameaça);
  • “Saber dizer sim e dizer não” - um tema que salienta a importância em fomentar um pensamento crítico e a assertividade nas crianças e jovens, e;
  • Pedir ajuda – saber identificar situações de risco e desenvolver competências para revelar, quebrando o silêncio habitualmente associado às situações abusivas.

Cuidar é proteger e é também contribuir para uma comunidade que saiba fazer este caminho. Um dos objetivos do Grupo Vita envolve o desenvolvimento de ações de sensibilização e formação, capacitando a comunidade católica para a prevenção e atuação face a situações de violência sexual. As Comissões Diocesanas de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis, a par dos diversos institutos religiosos, os catequistas, os professores de Educação Moral, Religiosa e Católica e os escuteiros, por exemplo, estão muito recetivos a percorrer este caminho de mudança e ação em parceria com o Grupo Vita.

Em paralelo, o Grupo Vita prioriza também a criação de materiais diversos, com uma componente lúdica e pedagógica, ajustados à idade das crianças e jovens, que permitam aumentar conhecimentos e desenvolver competências para saber lidar com potenciais situações de risco.

É necessário acreditar no poder da fé das pessoas e na sua capacidade de envolvimento e ação e de como este poderá gerar uma mudança global na realidade do nosso país. O Grupo Vita acredita.

A autora escreve segundo o novo acordo ortográfico

Pode contactar o Grupo Vita através do telemóvel 91 509 0000 ou do email geral@grupovita.pt. Saiba mais sobre nós em www.grupovita.pt

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