China vai parar com a divulgação de dados relativos ao desemprego jovem

O indicador atingiu um novo recorde na história da China de 21,3%. Os analistas consideram, no entanto, que a percentagem poderá ser superior.

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Jovens participam em feira de emprego, em Pequim Reuters/THOMAS PETER
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A China anunciou esta terça-feira que vai suspender a divulgação dos dados relativos ao desemprego jovem, que abrange pessoas com idades compreendidas entre os 16 e os 24 anos. Esta decisão surge depois de, em Junho, o indicador ter atingido um novo recorde na história da China de 21,3%, gerando a ideia de que a segunda maior economia a nível mundial pudesse estar a enfrentar um desaceleramento significativo.

Nos últimos tempos, a China tem tido algumas dificuldades para fazer face ao levantamento das restrições do covid-19. Um dos indicadores que reflecte este problema é o de desemprego jovem, cuja percentagem deverá ser superior ao que foi apresentado, de acordo com os especialistas.

Os analistas acreditam também que a suspensão na partilha destes dados vai dificultar os estudos sobre a situação económica chinesa, que é cada vez mais difícil. Note-se que, no ano passado, a partilha dos dados relacionados com o Produto Interno Bruto (PIB) do país foi adiada.

O porta-voz do Gabinete Nacional de Estatísticas da China, Fu Linghui, disse que as estatísticas trabalhistas devem ser "melhoradas e optimizadas". Fu refere que o aumento do número de estudantes nas áreas urbanas tem gerado algumas questões sobre, por exemplo, se os estudantes deverão ou não ser incluídos nos dados.

Neste sentido, os números relativos a este indicador não foram incluídos no conjunto dos dados relativos ao mês de Julho, divulgado esta terça-feira. De acordo com os dados citados pela Lusa, existiam, no ano passado, 96 milhões de jovens nas cidades chinesas, sendo que 33 milhões deles entraram este ano para o mercado de trabalho.

O relatório mostra ainda como as vendas a retalho e a produção industrial, importantes sectores da economia, têm crescido de forma desacelerada. As vendas a retalho aumentaram em 2,5%, em comparação com o ano passado, e a produção industrial cresceu 3,7%, avança o The Financial Times. O consumo da população tem permanecido lento e o mercado imobiliário, que representa cerca de um terço do Produto Interno Bruto, está perto do colapso, de acordo com o The Washington Post.

Esta terça-feira, o banco central de Pequim cortou as taxas de juro de referência, destinadas a melhorar a situação económica, pela segunda vez em três meses.

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