A injustiça e o imposto extraordinário

A fiscalidade é o meio através do qual a sociedade redistribui o rendimento. É, pois, um campo fértil para o surgimento de novos Robins dos Bosques.

Numa das mais célebres passagens do enorme “Atlas Shrugged”, publicado em 1957, a autora Ayn Rand descreve o seu mais profundo desdém pela figura de Robin dos Bosques: “Ele é visto como o primeiro homem a ter praticado a virtude da caridade, com riqueza que não possuía, oferecendo o que não tinha produzido, forçando terceiros a pagar pela luxúria da sua piedade (…) Robin dos Bosques é a mais abjecta das criaturas – um duplo parasita que vive das feridas dos pobres e do sangue dos ricos – que a civilização tem [infelizmente] tomado como exemplo moral” (tradução livre). A passagem é provocadora, escrita naquele jeito caracteristicamente contundente de Rand, porque vai contra a ideia pré-estabelecida de que roubar aos ricos para dar aos pobres é de louvar. Sendo claro que os “foras-da-lei” de Sherwood resultaram da tirania do Xerife de Nottingham, a autoridade local, legitimando assim o herói da lenda, até mesmo sob a filosofia política de Rand, a crítica da autora não deixa de conter uma certa razão, numa altura em que os impostos são cada vez mais usados para combater alegadas injustiças.

Os leitores são a força e a vida do jornal

O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.
Sugerir correcção
Ler 21 comentários