Há uma nova dieta que promete robalos e douradas mais saudáveis em Portugal

Projecto Pep4Fish desenvolve dietas inovadoras para melhorar a saúde de peixes de aquacultura em Portugal. Com testes já em andamento, o programa busca estimular economia circular e sustentável.

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O objectivo principal é criar dietas que melhorem o sistema imunitário de robalos e douradas GettyImages
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Os testes das novas dietas para aquacultura têm lugar no Biotério de Organismos Aquáticos do CIIMAR DR
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Um ambicioso projecto, intitulado Pep4Fish, dedica-se a desenvolver soluções inovadoras para fortalecer a saúde de peixes de aquacultura em território português. O objectivo principal é criar dietas que melhorem o sistema imunitário de robalos e douradas, duas das espécies mais cultivadas em território nacional, tornando-as mais resilientes ao stress e a infecções bacterianas. A ração, normalmente produzida a partir de subprodutos (alimentos não aproveitados na alimentação humana) de peixe, contribui para a economia circular e acrescenta valor à produção nacional.

O projecto Pep4Fish, liderado pelo Grupo ETSA (Empresa Transformadora de Subprodutos Animais), está inserido no Pacto da Bioeconomia Azul, financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) no valor de cerca de 21,7 milhões de euros.

“O objectivo do projecto é desenvolver ingredientes com bioactividade e fazê-lo através da transformação com técnicas inovadoras de subprodutos animais. Contribuindo para uma economia ainda mais circular e de alto valor acrescentado”, refere ao PÚBLICO o director de Investigação e Desenvolvimento do Grupo ETSA, André Almeida. Esse processo contribuirá para uma economia de alto valor acrescentado, impulsionando, também, as exportações.

O projecto concentra-se na melhoria da saúde do robalo e da dourada, duas espécies cultivadas em aquacultura em Portugal. A ideia é desenvolver ingredientes que aprimorem o sistema imunitário e a robustez desses peixes, ampliando a qualidade final do produto vendido aos consumidores e reduzindo o risco de doenças desses organismos aquáticos.

Com o propósito de atingir a meta até 2025, o Pep4Fish utiliza subprodutos provenientes de carcaças, vísceras de peixes, suínos e até insectos. “Os materiais são processados e hidrolisados, tornando-se produtos de alto valor nutritivo”, salienta especialista em nutrição de peixe e investigadora do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), Luísa Valente.

A logística de recolha dos subprodutos é garantida pela ETSA. André Almeida enfatiza que a iniciativa visa aproveitar partes não utilizadas para a alimentação humana, transformando-as em alimentos altamente nutritivos para os peixes. “Não têm valor económico, mas têm muito valor nutritivo”, acrescenta o director de investigação e desenvolvimento.

Num cenário de demanda crescente por alimentos de empresas com responsabilidade ambiental em escala global, a aquacultura desempenha um papel crucial, sendo responsável por abastecer metade do consumo mundial de peixes. Nesse contexto, o projecto Pep4Fish surge como uma resposta para aprimorar a produção sustentável de espécies marinhas.

No CIIMAR, estão em andamento os primeiros testes com três hidrolisados antioxidantes e antimicrobianos em robalos. Na Universidade Católica Portuguesa, avanços permitiram obter os primeiros hidrolisados de aves com actividade antioxidante. ​Conforme explicado por André Almeida, a previsão é que os produtos desenvolvidos pelo Pep4Fish já estejam em comercialização antes do final de 2025, quando o projecto irá terminar.

Conduzido pelo Grupo ETSA, o projecto conta com a colaboração de nove parceiros, incluindo centros de pesquisa e empresas: AgroGrIN Tech, B2E — Laboratório Colaborativo para a Bioeconomia Azul (B2E CoLAB), CIIMAR — Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental, ITS — Indústria Transformadora de Subprodutos (ETSA); Seaculture (Jerónimo Martins), Savinor e Sorgal (Soja Portugal), Sebol (ETSA) e Universidade Católica Portuguesa.

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