JMJ: diácono que acompanha jovens cabo-verdianos diz que não há desaparecidos

“Querem saber onde estão estes peregrinos? Venham à jornada e vão encontrá-los”, declara o diácono José Manuel Vaz, que acompanhou uma das quatro delegações de Santiago, Cabo Verde.

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Peregrinos de todo o mundo começaram a chegar há uma semana a Portugal Nuno Ferreira Santos

Um dos diáconos que acompanham peregrinos cabo-verdianos à Jornada Mundial da Juventude (JMJ) disse, nesta terça-feira, que "ninguém está desaparecido" e que alguns jovens optaram por ficar em Lisboa em vez de participar nas actividades em Leiria.

O diácono José Manuel Vaz, que acompanhou uma das quatro delegações oriundas da ilha de Santiago que, entre 25 de Julho e a quarta-feira passada, chegaram a Lisboa, mostrou o seu espanto com as notícias que dão conta de um desaparecimento de peregrinos cabo-verdianos e angolanos.

Também nesta terça-feira, em conferência no centro de imprensa do Parque Eduardo VII, em Lisboa, a coordenadora do Gabinete Técnico de Fronteiras, do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), a Cláudia Rocha, informou que o número inicial de 106 jovens tinha crescido para 195, que não compareceram na diocese de Leiria-Fátima, onde estavam inscritos para as actividades pré-jornada.

fake news. Ninguém está desaparecido e nenhum peregrino é obrigado a participar em actividades das dioceses", indica o diácono, adiantando que alguns peregrinos que chegaram a Lisboa optaram por ficar na cidade, onde arranjaram alojamento junto de familiares e amigos, em vez de ir a Leiria para participar nas actividades. "Ninguém informou que as actividades eram obrigatórias", reforça.

"Querem saber onde estão estes peregrinos? Venham à jornada e vão encontrá-los", acrescenta. Lembrando que os peregrinos têm um visto de 18 dias, após os quais não podem permanecer em Portugal, o religioso ressalva: "Ninguém garante que, após esse período, alguns peregrinos não fiquem em Portugal, mas isso é um problema que não tem nada a ver com a participação na jornada."

Contactado pela Lusa, o embaixador cabo-verdiano em Portugal, Eurico Correia Monteiro, considera que "pode ser ainda cedo para se formular juízos seguros sobre este incidente e suas causas". E defende: "Pode ser precipitado extrair conclusões nesta altura, devendo-se reservar juízos conclusivos para momento posterior."

O embaixador lembra que "só as autoridades administrativas portuguesas e as autoridades eclesiásticas cabo-verdianas e portuguesas podem eventualmente dispor de informações relevantes sobre este caso".

Por seu lado, o assessor de imprensa da Embaixada de Angola em Portugal, Vitor Carvalho, refere à Lusa que esta representação diplomática não tem qualquer conhecimento do alegado desaparecimento de peregrinos angolanos.

Em conferência de imprensa, a organização da JMJ indica que está a acompanhar "com tranquilidade" a situação dos peregrinos angolanos e cabo-verdianos, garantindo que foi accionado o protocolo acordado nos casos de "não-comparência" de participantes no evento.

Na segunda-feira, a diocese de Leiria-Fátima deu conta da "ausência de 106 peregrinos dos grupos estrangeiros de nacionalidade angolana e cabo-verdiana acolhidos em três paróquias da diocese", um número que o SEF actualizou hoje para 195 jovens (168 cabo-verdianos e 27 angolanos).

Cláudia Rocha, do SEF, refere que as autoridades tomaram "medidas de monitorização" sobre os jovens angolanos e cabo-verdianos, cujo mais jovem tem 19 anos. Este grupo estava "devidamente inscrito" na Jornada Mundial da Juventude e entrou "regularmente e por via aérea em território nacional", segundo o Sistema de Segurança Interna (SSI). No entanto, peregrinos não realizaram o check-in na diocese de Leiria-Fátima, como estava previsto.

Pelo menos 1518 angolanos, residentes em Angola e na diáspora, inscreveram-se para participar na JMJ Lisboa 2023 e a partir de Luanda devem embarcar 518 peregrinos para este encontro com o Papa Francisco. De Cabo Verde, está prevista a participação de um total de 913 cabo-verdianos, incluindo religiosos.

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