Portugal fez mais testes e aumentaram os tratamentos autorizados para a hepatite C

No ano passado, os centros de saúde e os hospitais prescreveram mais testes para o rastreio das hepatites B e C, indica o relatório de 2023 do Programa Nacional para as Hepatites Virais.

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No ano passado, as organizações não-governamentais realizaram mais de 58 mil testes para diagnóstico das hepatites B e C Ricardo Lopes
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No ano passado, os centros de saúde e os hospitais prescreveram mais testes para o rastreio das hepatites B e C, indica o relatório de 2023 do Programa Nacional para as Hepatites Virais (PNVH), da Direcção-Geral da Saúde (DGS). O número de tratamentos autorizados para a hepatite C também subiu em relação ao anterior. Desde 2015, ano em que o Ministério da Saúde fez um acordo com a indústria farmacêutica, já foram autorizados 32.163 tratamentos.

O documento, divulgado esta sexta-feira, salienta que os testes para diagnósticos dos vírus das hepatites B e C realizados anualmente nos centros de saúde e nos hospitais “têm demonstrado uma tendência globalmente crescente”. No ano passado, segundo os dados disponíveis, nos cuidados de saúde primários foram prescritos 277.849 testes para a hepatite B e 202.778 para pesquisa da hepatite C. Dois números que representam um aumento de 15% e 17%, respectivamente, em relação a 2021.

Também em contexto hospitalar se registou uma subida. Em 2022, os hospitais prescreveram 267.071 testes para a hepatite B e 249.102 testes para a C, “registando-se um aumento de 21% e de 27% no número de testes quando compara­dos com o ano de 2021”. O rastreio é fundamental para a detecção precoce da infecção e as organizações não-governamentais e as de base comunitária têm igualmente contribuído nesta área, tendo no ano passado feito mais de 58 mil testes para diagnóstico das duas hepatites.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu como metas, até 2030, a redução em 90% do número de novos casos de infecção por hepatite B e hepatite C e a redução da mortalidade associada a essas infecções em 65%. Para se chegar a estes números, além da importância do rastreio, é preciso também destacar o acesso ao tratamento. Desde 2015, altura em que o Ministério da Saúde estabeleceu um acordo com a indústria farmacêutica, que todas as pessoas com infecção diagnosticada têm acesso a medicação com elevadas taxas de cura.

Desde essa data até à elaboração do relatório, lê-se no documento, “já foram autorizados 32.163 tratamentos, dos quais 30 794 já foram iniciados”. A informação disponível no Portal do Infarmed contém dados sobre os tratamentos já concluídos. Dos mais de 20 mil doentes que terminaram o tratamento, 94% estão curados.

“Ao contrário do verificado nos anos anteriores, e em linha com o aumento do número de testes realizados no ano anterior, destaca-se um aumento de 3% no número de tra­tamentos autorizados em 2022, com autorização de 2192 novos tratamentos”, refere o relatório, indicando que se mantém, “ainda assim, uma elevada percentagem de doentes com fibrose avançada previamente ao iní­cio de tratamento”. Ou seja, em risco potencial de evoluir para uma situação de cancro.

Casos confirmados

Os dados recolhidos relativos a 2022 são ainda provisórios, mas mostram um aumento do número de casos confirmados no Sistema de Vigilância Epidemiológica (SINAVE) em relação a 2021 nas hepatites A, B, C e E. Um aumento que o programa admite poder estar relacionado com a retoma de actividade assistencial, afecta­da pela pandemia. Ainda assim, os números registados são inferiores aos de 2019.

Segundo os dados provisórios do relatório, no ano passado registou-se um total 416 casos confirmados de hepatites. Destes, 179 casos são de hepatite B e 189 de hepatite C. No ano anterior, o número de casos confirmados foi de 138 e 148, respectivamente, e em 2021 foram 129 e 160. Olhando para 2019, último ano antes da pandemia, o número de casos confirmados de hepatites B e C ascendeu a 220 e 228, respectivamente.

“A informação referente ao número de casos confirmados de hepatite viral notificados no SINAVE é ilustrativa da dimensão da subnotificação existente no país. Importa sensibilizar todos os profissionais de saúde para a obrigatoriedade da notificação e para a sua importância, enquanto base do conhecimento epidemiológico tão necessário à definição de estratégias de intervenção adequadas”, aponta o documento.

O relatório faz também uma análise à mortalidade por doenças hepáticas e das vias biliares, referindo que em 2021 morreram 2806 pessoas por estas causas. Dos óbitos registados, 66 foram por hepatites virais, 360 por neoplasia maligna da vesícula biliar, 1121 por doenças crónicas do fígado e cirrose hepá­tica e 1259 por neoplasia maligna do fígado e das vias biliares intra-hepáticas. “Os óbitos por doenças hepáticas e das vias biliares totalizaram 2,24% do total de óbitos em Portugal no ano de 2021”, aponta o documento.

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