Ryanair quadruplica lucros mas reduz expectativas e admite baixar preços

A companhia aérea irlandesa registou lucros de 663 milhões de euros no primeiro trimestre do seu ano fiscal.

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O melhor resultado trimestral tinha sido em 2017, mas foi agora batido em 2023 Manuel Roberto (arquivo)
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A companhia aérea irlandesa Ryanair registou lucros de 663 milhões de euros no primeiro trimestre do seu ano fiscal (de Abril a Junho), praticamente quadruplicando o resultado face ao mesmo período de 2022. No entanto, a empresa reduziu as expectativas para os próximos tempos e o seu responsável financeiro admite até que poderá ser necessário manter uma política de preços baixos para garantir que os aviões continuam cheios.

Quanto à subida de 290% nos resultados, que superaram as estimativas de analistas, ela fica a dever-se a um "forte" aumento da actividade durante a Semana Santa e às festividades da coroação do rei Carlos III no Reino Unido, em Maio passado, argumenta a empresa, que tem sede em Dublin.

Até agora, o melhor resultado trimestral da companhia tinha sido um lucro de 397 milhões em 2017. A elevada variação percentual em termos homólogos face a 2022 fica ainda a dever-se à quebra abrupta que houve em 2022 depois do início da guerra na Ucrânia, cujo impacto na aviação foi entretanto superado no número de passageiros, mas não no custo de transporte, dado que o combustível continua mais caro.

No entanto, isso não constitui um problema para a Ryanair, que fez compras antecipadas e tem as suas necessidades de combustível cobertas depois de comprar 85% do que precisa para este ano, ao preço de 89 dólares o barril.

O principal problema, segundo Neil Sorahan, que tutela as finanças da companhia, e o presidente da empresa, Michael O'Leary, é a renovação da frota. A Ryanair é cliente da Boeing, a quem comprou 300 aviões de pequeno curso, por 40 mil milhões de dólares. Mas o fabricante dos EUA tem toda a carteira de encomendas com atrasos significativos na entrega.

Por isso, a companhia espera também alguma perturbação e reviu em baixa as perspectivas de crescimento para o corrente ano, cortando a previsão de 185 milhões de passageiros para 183,5 milhões.

O'Leary não arrisca fazer previsões para a segunda metade do ano, devido aos atrasos na entrega de aviões e ao "risco de quebra de consumo neste Inverno". Para contrariar meses de inflação alta e crédito mais caro, "os consumidores poderão exigir algum estímulo nos preços", disse o gestor, abrindo dessa forma a porta a preços mais baixos.

"É demasiado cedo para dizer qual vai ser o comportamento dos preços", mas "nós queremos os aviões cheios e fixaremos os preços que forem necessários para que isso aconteça", declarou Sorahan, por seu lado.

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