Activista denuncia aumento da violência contra a comunidade LGBTQI+ na Alemanha

A única transgénero que foi comandante nas Forças Armadas denuncia a retórica que já não se via desde o fim da Alemanha nazi. Partido da direita radical bate recorde e chega a 22% nas sondagens.

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Anastasia Biefang, ao centro, na parada do orgulho em Berlim, no sábado Reuters/NADJA WOHLLEBEN

Anastasia Biefang, importante activista alemã dos direitos LGBTIQ+, mostrou-se muito preocupada pelo aumento da violência e abuso homofóbico e antitransgénero na Alemanha, chegando mesmo a compará-lo à retórica nazi.

Biefang, que se destacou como a primeira pessoa trans a servir como comandante nas Forças Armadas alemãs, falou neste fim-de-semana enquanto centenas de milhares de pessoas saíam às ruas de Berlim para celebrar o Dia de Christopher Street, dia do orgulho gay em Berlim que se assinalou no sábado, e exigir igualdade para a comunidade LGBTIQ+.

"Ouço narrativas que pensei que tínhamos superado desde 1945", disse Biefang, de 49 anos, uma ex-líder de batalhão que ainda tem um cargo de liderança no departamento de cibersegurança e informação do exército.

O número de crimes de ódio contra a comunidade lésbica, gay, bissexual tem vindo a aumentar na Alemanha, sendo que a subida em relação aos casos oficialmente registados foi de 15,5% no ano passado, superando a barreira do milhar (1005), de acordo com dados do Ministério do Interior alemão.

Biefang afirmou que, embora tenha havido conquistas positivas nos últimos anos, existe um "sentimento de exclusão, estigmatização e divisão" que está a alimentar o sentimento antiLGBTIQ+ na Alemanha.

"Isso é uma grande vergonha. Não é apenas vergonhoso, é também preocupante", acrescentou em conversa com a Reuters, no sábado, acrescentando que a "violência transfóbica, queerfóbica e homofóbica também está a crescer significativamente" em Berlim. A capital alemã ganhou fama nas últimas décadas pela sua atmosfera acolhedora em relação às minorias sexuais.

Segundo Biefang, é especialmente preocupante que o crescente retrocesso nos direitos LGBTIQ+ esteja a ser alimentado por apoiantes da extrema-direita.

Os comentários da activista coincidem com uma nova sondagem do INSA-Instituto Nacional para Novas Respostas Sociais, publicada no Bild am Sonntag, que coloca o partido radical de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) com 22% das intenções de voto, o que é um recorde. Atrás apenas dos conservadores da CDU (26%) e à frente de todos os partidos da actual coligação de governo, SPD (18%), Verdes (14%) e Partido Democrático Liberal (7%).

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