Evito a família do meu marido, mas sinto-me mal pela minha filha

A única coisa que sabemos com certeza é que não somos responsáveis pelo comportamento das outras pessoas. No entanto, o seu cônjuge é outra história.

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"Não ir a reuniões de família é o caminho mais fácil" Askar Abayev/pexels
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Não me dou bem com a família do meu marido. Sinto-me invisível nos encontros com eles porque só se fala do trabalho do meu marido. Temos uma filha e sinto-me mal por ela por perder muitos destes eventos. Eles nem sequer falam comigo directamente, referem-se apenas ao meu marido. Haverá alguma forma de me fazer sentir menos mal com isto? Sou obrigada a ir a sítios onde não me sinto bem?


Como terapeuta familiar, vou ter em consideração o que é mais importante para a sua filha quando se trata dos seus sogros e destas reuniões.

Para começar, não sei que idade tem a sua filha, e isso é importante. As crianças pequenas são "boas observadoras e más intérpretes" (uma frase que aprendi no Programa de Incentivo aos Pais). Se a sua filha for pequena, não vai compreender o seu silêncio e alienação, mas vai certamente senti-los. Algumas crianças são mais sensíveis do que outras, mas a maioria sente rapidamente quando um pai está aborrecido, zangado ou triste. Por si só, isso não é problemático, mas se for crónico, a sua filha pode associar essa raiva ou ressentimento a si própria (porque as crianças pequenas não têm a capacidade de considerar múltiplas perspectivas). Embora não seja traumático com T maiúsculo, não é uma situação ideal.

Não ir a reuniões de família é o caminho mais fácil, mas à medida que a sua filha for crescendo, será forçada a explicar-lhe esta falta de envolvimento. A certa altura, a sua filha vai reparar que é ignorada nos eventos familiares ou que fica em casa em todos eles. Como é que vai explicar-lhe isso? Não cabe à sua filha resolver esta questão, porque isto é entre si e o seu cônjuge. E o que está manifestamente ausente na sua pergunta é a participação do seu marido nesta dinâmica.

Embora gostasse que a família do seu marido se envolvesse consigo, sabemos que as coisas nem sempre correm como queremos. E a única coisa que sabemos com certeza é que não somos responsáveis pelo comportamento das outras pessoas. No entanto, o seu cônjuge é outra história. Será que ele vê a evasão? O seu cônjuge sabe como se sente? Já alguma vez lhe disse alguma coisa sobre esta invisibilidade? Se a resposta for sim, há todo um conjunto de problemas com que temos de lidar. Se a resposta for não, temos de responder porquê. Porque não disse ao seu cônjuge que se sente ignorada e magoada? Que se sente ignorada ao ponto de já não querer ir a esses eventos?

Para a sua filha, é muito menos importante que vá a esses eventos. O que importa é a sua auto-avaliação honesta e a comunicação com o seu cônjuge. Pode dizer à sua filha (se ela for um pouco mais velha e estiver a tomar nota do comportamento da família e do seu ressentimento): "A família do pai é assim há muito tempo; não vou mudá-la. E apesar de gostar muito deles, também não vou estar presente em todos os eventos. O pai e eu concordámos com isto e sentimo-nos bem com isso".

Uma declaração como esta a) não tenta mudar os outros, b) mostra respeito por si própria e limites saudáveis, e c) comunica que os pais dela estão de acordo. Mais importante ainda, permite que a sua filha relaxe. Ela não estará a pensar: "Os meus pais estão bem? Preciso de escolher um lado? Será que o meu pai vê o que está a acontecer?" As crianças conseguem lidar com quase tudo quando sentem que os pais estão confiantes

Por favor, resolva esta questão com o seu cônjuge, o mais rapidamente possível. Embora não comparecer possa parecer um bom limite para si (e pode ser), o ressentimento também se enraizou e está a crescer. Ressentimentos como este têm uma forma de se infiltrarem em todos os aspectos da sua vida familiar, por isso, esclareça esta conversa e a clareza fluirá para a sua filha. Boa sorte.


Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post
Tradução: Bárbara Wong

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