PSD questiona RTP sobre cartoon alusivo a polícia e racismo

As perguntas foram dirigidas pelo Grupo Parlamentar do PSD ao Conselho de Administração da RTP através da Assembleia da República.

Foto
Parte do cartoon Carreira de Tiro DR

O PSD questionou este sábado o Conselho de Administração da RTP sobre um cartoon alusivo à polícia e ao racismo, considerando que “atenta de forma evidente e infeliz contra a imagem e o bom nome” das instituições policiais.

As perguntas foram dirigidas pelo Grupo Parlamentar do PSD ao Conselho de Administração da RTP através da Assembleia da República, num documento que tem como signatários o líder parlamentar social-democrata, Joaquim Miranda Sarmento, o presidente da JSD, Alexandre Poço, e a deputada Andreia Neto.

No documento, o PSD refere que, no âmbito de um espaço publicitário difundido pela RTP durante a cobertura do festival de música NOS Alive, foi transmitido um cartoon em formato vídeo que “retrata um polícia numa carreira de tiro a disparar contra vários alvos, sem que o alvo que representa um homem branco seja atingido, e com o alvo que representa um homem negro cravejado de balas”.

“O cartoon, intitulado Carreira de Tiro [aqui na sua versão completa, da autoria de Cristina Sampaio], atenta de forma evidente e infeliz contra a imagem e o bom nome, não só das instituições policiais em geral, mas também dos profissionais a que elas pertencem”, defendem os deputados do PSD.

Para o partido, “o facto de o cartoon ter sido transmitido na estação pública de televisão assume ainda maior gravidade, na medida em que a RTP é um órgão de comunicação social que tem responsabilidades acrescidas de serviço público”.

Nesse sentido, nas questões dirigidas ao Conselho de Administração da RTP através da Assembleia da República, o PSD pergunta se o canal de televisão “teve conhecimento prévio do cartoon antes de o transmitir”. “Em caso de resposta afirmativa, há regras editoriais acerca dos conteúdos transmitidos, especificamente para assegurar o adequado equilíbrio entre a liberdade de imprensa e a protecção de outros direitos, nomeadamente para evitar conteúdos racistas, xenófobos ou análogos?”, questionam.

O partido pergunta se, caso “previamente conhecesse o conteúdo”, a RTP teria, ainda assim, transmitido o cartoon em questão.

Queixa “não faz sentido”, diz André Carrilho

O Sindicato Nacional da Carreira de Chefes (SNCC) da PSP anunciou este sábado que apresentou uma queixa-crime contra os autores do cartoon, e também contra a RTP por o ter emitido, considerando que “há, inequivocamente, uma intenção de vilipendiar todos os polícias, retratando-os como xenófobos e racistas”.

Contactado pela agência Lusa, o ilustrador André Carrilho, co-fundador, juntamente com João Paulo Cotrim (já falecido), do Spam Cartoon – responsável pelo cartoon em questão -, considerou que a queixa “não faz sentido”, uma vez que o cartoon “não tem nada a ver com a PSP nem com a realidade portuguesa”.

“Nós trabalhamos para a RTP desde 2017 e o cartoon é sempre feito num contexto de actualidade nacional e internacional, neste caso é internacional. Tem a ver com a ocorrência em França, da morte de um jovem francês às mãos da polícia que depois deu origem a vários tumultos pelo país inteiro”, explicou André Carrilho

Por sua vez, fonte oficial da RTP disse à Lusa que “o Spam Cartoon é um exercício de opinião livre sobre a actualidade nacional e internacional que a RTP acolhe desde 2017”, sendo da autoria de “alguns dos mais reconhecidos cartoonistas portugueses”. “Em nenhuma circunstância serviu para instigar à violência contra quem quer que seja. Os valores da liberdade de expressão e de opinião são basilares da democracia e do serviço público da RTP”, salientou o canal de televisão.

Sugerir correcção
Ler 26 comentários