Companhia aérea japonesa aluga roupas para quem gosta de viajar mas odeia fazer a mala

A Japan Airlines disponibiliza um serviço de aluguer de roupa. O objectivo é reduzir o peso das bagagens de turistas e contribuir para a redução das emissões de carbono, mas pode não ser eficiente.

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O Any Wear, Anywhere é um serviço de aluguer de roupa a turistas da Japan Airlines SHVETS/Pexels
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O Any Wear, Anywhere ("qualquer roupa, em qualquer lugar", numa tradução para português) é um novo serviço de aluguer de roupa a turistas. O programa está a ser testado pela Japan Airlines (JAL) e pela empresa japonesa Sumimoto com o objectivo de reduzir o combustível usado nas viagens.

Tornar as bagagens mais leves reduz, consequentemente, o peso dos aviões e as emissões de dióxido de carbono. De acordo com o site do novo serviço, transportar menos dez quilos de bagagem numa viagem entre Nova Iorque e Tóquio reduz a emissão de sete quilos de dióxido de carbono. A JAL prometeu monitorizar alterações no peso das malas dos passageiros e estudar como afecta a pegada de carbono.

Para usarem o serviço de aluguer os clientes têm de dar informações sobre o voo, tamanhos e estação da roupa, assim como a duração da estadia, um mês antes de embarcarem. Os viajantes podem reservar até oito combinações para duas semanas e as roupas são enviadas directamente para os hotéis.

Conforme o número de peças, os valores podem ir dos 25 aos 44 euros e as roupas de "estilo casual" estão disponíveis entre os tamanhos S e XL. Um conjunto de roupas pensado para mulheres inclui um casaco preto, três camisolas de manga comprida, dois tops, dois pares de calças largas e uma saia. No caso das roupas com etiqueta para homens há pacotes que incluem um puffer, duas camisolas, dois pares de calças e uma sweatshirt.

O projecto-piloto começou a 5 de Julho e deverá terminar a 31 de Agosto de 2024. É limitado a voos da Japan Airlines, mas dependendo do sucesso, o Any Wear, Anywhere poderá ser expandido para outras companhias aéreas da aliança Oneworld, que inclui, por exemplo, a American Airlines e a British Airways.

Até que ponto é eficiente?

De acordo com o The Washington Post, ainda não se sabe o efeito que poderá ter na pegada de carbono da indústria da aviação. Num artigo publicado no jornal norte-americano, uma das analistas da Euromonitor International, Prudence Lai, afirmou que esta iniciativa poderá ser uma das maneiras mais eficientes de diminuir a pegada dos voos, a nível de custos e tempo. Além disso, é uma opção mais barata do que investir em combustível de aviação sustentável.

Apesar de a Japan Airlines conseguir reduzir as emissões dos seus voos, pode criar um novo problema com o serviço de empréstimo, explicou Saif Benjaafar, da Universidade do Minnesota, ao The Washington Post. De acordo com o professor universitário, o serviço de aluguer em si pode não ser sustentável devido à pegada de carbono relacionada com a produção, transporte e lavagem dos produtos antes de serem alugados de novo.

Há ainda a possibilidade de os passageiros ocuparem o espaço que iam usar para roupas com outros objectos, alertou Steffen Kallbekken do Cicero Center for International Climate Research, ao jornal. O investigador levantou também a possibilidade de o serviço aumentar a procura por viagens, o que “poderia facilmente neutralizar qualquer benefício do programa”.

Texto editado por Renata Monteiro

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