Apoio à renda é insuficiente e não dá resposta estrutural, diz Bloco de Esquerda

Mariana Mortágua considera que mais do que um subsídio, os portugueses necessitam de casas que possam pagar com os seus salários. O Bloco apresentou ainda 14 medidas para travar a crise habitacional.

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Governo não garante casas a preços razoáveis nem salários decentes, diz Mariana Mortágua Rui Gaudêncio

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) considerou esta segunda-feira insuficientes os apoios à renda (apesar de importantes, porque as pessoas estão desesperadas), criticando a ausência de uma resposta estrutural do Governo, já que são precisas "casas a preços razoáveis e salários decentes".

Numa conferência de imprensa na qual Mariana Mortágua apresentou 14 medidas para travar a crise da habitação, a líder bloquista foi questionada pelos jornalistas sobre o subsídio mensal de apoio à renda, em vigor desde Maio, que vai ser pago esta segunda-feira a cerca de 150 mil famílias, com retroactivos a Janeiro.

"Este subsídio ajuda porque as pessoas estão em desespero e é, portanto, um subsídio muito importante para quem não consegue pagar a sua renda. Nós vivemos num país em que pessoas com salário de 1200 euros estão a pagar rendas de 800 euros", começou por apontar.

Ressalvando que para a maior parte das pessoas este subsídio não é suficiente, a líder bloquista apontou um outro problema de fundo: "Em que país é que nós queremos viver quando a classe média depende de apoios do Governo para poder arrendar uma casa porque os salários não pagam uma renda?".

"Os subsídios não são suficientes, mas, independentemente disso, o que as pessoas querem, mais do que um subsídio do Estado, é uma casa que possam pagar com o seu salário. E isso significa casas a preços razoáveis e salários decentes", continuou.

Como o Governo "não garante nenhum dos dois", segundo a deputada do Bloco, "vai dando estes subsídios que são importantes para as pessoas, insuficientes, mas que não são uma resposta estrutural porque a resposta estrutural é responder aos problemas da habitação".

"O problema é quando se quer proteger o lucrativo negócio do imobiliário e dos fundos de investimento imobiliário e, ao mesmo tempo, resolver um problema social. E estes são incompatíveis. Acho que esse é o erro do Governo nesta definição de políticas públicas", criticou.

Apoio à renda pago a 150 mil famílias

Em comunicado, o ministério tutelado por Marina Gonçalves refere que será pago esta segunda-feira a cerca de 150 mil famílias "o subsídio mensal de apoio à renda, promovido pelo Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), que está em vigor desde o mês de Maio, com retroactivos a Janeiro".

A maioria das famílias vão receber o apoio "pela primeira vez, juntando-se assim aos beneficiários da Segurança Social que já tinham recebido em Maio este apoio". O Governo recorda que "os apoios com valor mensal abaixo de 20 euros são pagos apenas semestralmente". O apoio, "no conjunto das mais de 185 mil famílias apuradas como elegíveis para a medida, pode ir até aos 200 euros mensais, sendo que o valor médio ronda os 100 euros", lê-se no comunicado.

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