Qual a melhor localização para a estação de Alta Velocidade de Coimbra?

Sugere-se a localização da estação de AV em Taveiro, onde podem parar todos os comboios Lisboa-Porto. Poupa-se o Choupal, os campos do Mondego e evita-se a demolição de centenas de casas.

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A travessia ferroviária da Alta Velocidade (AV) sobre a mata protegida Choupal vai duplicar o canal do comboio que actualmente por lá passa, dilacerando a entrada nascente da mata. Ao percorrer o Choupal numa extensão de mais de cem metros, irá desenhar, com a travessia antiga, um triângulo de devastação do verde de milhares de metros quadrados. Tudo conforme antecipado pelo plano de pormenor (PP) da estação da Alta Velocidade.

A este "triângulo da tristeza ecológica" será preciso somar o impacto social e ambiental de uma estação que está a ser pensada como um novo pólo urbano de comércio, serviços e habitação de luxo, a norte da actual Estação de Coimbra B. Este novo "bairro da estação" tem como imagem de marca três torres de 14 andares. Tudo a implantar a poucos metros do ecossistema do Choupal, em pleno leito de cheia do Mondego, em terrenos da Reserva Ecológica Nacional (REN). É isto que propõe o Município de Coimbra.

Porém, esta proposta não cumpre a lei: a REN e o Plano Director Municipal de Coimbra proíbem construir ali, onde querem erguer um conjunto urbano à custa do Choupal e do Mondego. E também não observa as boas práticas de projecto urbano: torres construídas com cota de soleira no limiar da cota de cheia? Como se pode fazer andares enterrados para garagens em terrenos de aluvião sem custos e impactos incomportáveis e criação de risco de desastres? Qual a adequação do projecto ao Quadro de Sendai para a redução de risco de desastres, uma convenção internacional adoptada por Portugal no quadro da UE?

A localização central da estação implicaria a demolição de várias centenas de casas ao longo do eixo Bencanta-Taveiro, percorrido pela AV (em sistema "bypass"). Quanto não vai custar e qual o impacto social resultante da expulsão de mais de mil pessoas das suas casas para deixar passar os comboios? Quantos anos gastos com processos de expropriação?

Como alternativa a esta localização insustentável sugere-se a localização excêntrica da AV, neste caso em Taveiro. Esta opção permitiria ter uma verdadeira estação de AV onde podem parar todos os comboios Lisboa-Porto. Esta localização pouparia o Choupal, a REN, os campos do Mondego e as casas a demolir. Com a vantagem de suscitar a requalificação urbanistica da inóspita "via rápida" Bencanta-Taveiro, sempre engarrafada, e da caótica e poluidora rotunda do Almegue.

Esta localização favorece a cidade: levará o metro bus para as freguesias da margem esquerda, servindo uma população de cerca de 30 mil pessoas, em particular idosos, mulheres e crianças, transformando a via rápida em via urbana: com árvores, arbustos, faixas verdes, passeios, ciclovias e paragens de metro bus confortáveis e seguras, onde as jovens não mais serão assediadas por quem passa. A AV contribuiria para fazer de Coimbra uma cidade com equidade: social e ambientalmente mais justa.

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