Quatro crianças feridas gravemente em ataque com faca em França
As crianças têm entre dois e três anos e estão em estado muito grave. O suspeito é um homem sírio e foi detido. Macron fala em “absoluta covardia”.
Pelo menos quatro crianças e dois adultos ficaram feridos num ataque com faca num parque em Annecy, no sudeste de França. As crianças, duas das quais são irmãos, têm entre 22 meses e três anos de idade e estão em estado muito grave, com prognóstico reservado, assim como um dos adultos.
O alerta às autoridades foi dado às 9h45 de Paris, menos uma hora em Lisboa. O ataque aconteceu num parque infantil perto da Ponte dos Amores, uma estrutura sobre o lago de Annecy que incorpora o parque municipal da cidade.
"O motivo ainda está por determinar", disse em conferência de imprensa a procuradora de Annecy, Line Bonnet-Mathis, adiantando que "neste momento não há elementos que permitam dizer que houve motivações terroristas". O inquérito judicial em curso é por tentativa de assassinato, acrescentou a magistrada.
O agressor foi detido logo após o ataque e é um homem sírio que chegou a França há sete meses para pedir asilo, que no entanto lhe foi negado porque já tinha o estatuto de refugiado na Suécia, disse ainda Bonnet-Mathis, confirmando as notícias dos meios de comunicação franceses, segundo os quais o homem terá 32 anos e apresentou-se no país como um "cristão da Síria". Uma fonte judicial disse ao Le Monde que o suspeito pediu asilo em Novembro e que este lhe foi negado em Abril, mas apenas comunicado a 4 de Junho. Não lhe é conhecida nenhuma morada em França. Quando foi detido tinha consigo uma cruz e duas imagens de Jesus Cristo e da Virgem Maria.
O suspeito "não tinha antecedentes judiciais, não é conhecido de nenhum serviço de informações e não estão identificados antecedentes psiquiátricos", declarou a procuradora.
Uma das crianças esfaqueadas tem nacionalidade neerlandesa e outra é britânica. O adulto gravemente ferido foi esfaqueado, mas também foi baleado pela polícia quando esta tentava deter o agressor. Foi aberto um inquérito à actuação policial, disse a procuradora.
Ao seu lado na conferência de imprensa esteve a primeira-ministra, Élisabeth Borne, e o ministro do Interior, Gérald Darmanin, que se deslocaram para Annecy na sequência do ataque. "Estamos transtornados por este acto odioso e inqualificável", disse Borne, sublinhando que "é todo o país que está em choque". Segundo o Libération, militantes de extrema-direita estão a organizar pelas redes sociais uma manifestação na cidade. "O inquérito permitirá especificar o trajecto e o perfil deste agressor e deitar toda a luz sobre este assunto. Mas hoje é um dia de emoção e estamos ao lado dos habitantes de Annecy para exprimir todo o apoio e solidariedade da nação", acrescentou a primeira-ministra.
Já antes o Presidente Emmanuel Macron tinha declarado que este era um "ataque de absoluta covardia" e que França estava "em choque". A Assembleia Nacional, que estava reunida no momento do ataque, observou um minuto de silêncio.
O antigo futebolista Anthony Le Tallec, que estava no parque também nesse momento, relatou ao Le Dauphiné Libéré, jornal daquela região francesa, como se apercebeu do que estava a acontecer quando "uma dezena de pessoas" veio a correr na direcção contrária em que ele seguia. "Corra, corra, está aí alguém a esfaquear toda a gente", gritou-lhe uma mulher. "Vejo os polícias e o agressor a dirigir-se a mim enquanto fujo", relatou Le Tallec. Foi nessa altura que o agressor terá atacado um idoso.
Segundo a procuradora, além das vítimas esfaqueadas, há outras que assistiram a tudo e que estão em estado de choque e tiveram de receber apoio psicológico. É o caso de uma turma de alunos do secundário, aos quais o autarca da cidade elogiou "o sangue frio" que demonstraram, e de agentes da polícia municipal, que tentaram travar o agressor. François Astorg disse que "o que se passou em Annecy é terrível", que "é inaceitável" e gera "cólera".