Trovoadas arrasam aldeia e provocam estragos na agricultura no Nordeste Transmontano

O mau tempo de domingo sentido em Bragança resultou na destruição de produções de maçã, vinha e castanha. Em Macedo de Cavaleiros, várias aldeias foram inundadas por deslizamento de terras.

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A forte chuva, granizo e deslizamento de terras prejudicaram várias produções agrícolas, sobretudo da vinha, maçã e castanha Adriano Miranda

As trovoadas dos últimos dias no distrito de Bragança deixaram um rasto de destruição em várias aldeias de Macedo de Cavaleiros, estragos na castanha de Vinhais e na maçã de Carrazeda de Ansiães, divulgaram esta segunda-feira as entidades locais.

No concelho de Macedo de Cavaleiros, "a aldeia dos Cortiços está totalmente desventrada", descreveu à Lusa o vereador Paulo Rogão, que se encontra no terreno com os Serviços Municipais de Protecção Civil e bombeiros.

Além desta aldeia, também a de Carrapatas foram assoladas no domingo por um trovoada com chuvas torrenciais que provocaram "a destruição total de arruamentos, redes de saneamentos, deixaram infra-estruturas à vista, derrubaram muros, deixaram estradas e caminhos intransitáveis e inundaram habitações".

Nas últimas horas, as entidades locais procuram limpar os destroços para deixar as ruas transitáveis, ainda que a normalidade seja difícil regressar à aldeia dos Cortiços, segundo Paulo Rogão.

"Os prejuízos são elevados", afirmou o vereador, indicando que o município espera ter valores concretos até ao final da semana.

As fortes chuvadas e granizo já tinham atingido, na sexta-feira, as aldeias de Limões, Castro Roupal, Cabanas e Vilar de Ouro, onde ocorreram, sobretudo, deslizamento de terras.

As trovoadas, acompanhadas de granizo em algumas zonas, causaram também danos na castanha de Vinhais, concelho transmontano que é um dos maiores produtores nacionais e onde o presidente da Câmara, Luís Fernandes, estima que "os prejuízos sejam de milhares de euros".

Zonas de maior produção do concelho, como Vilar Seco de Lomba e Edral, foram as mais afectadas na castanha, mas há também vinhas e caminhos rurais danificados, segundo o autarca.

As intempéries que se repetem há vários dias consecutivos na região deixaram marcas também em algumas vinhas do Vale da Vilariça e nos pomares de maçã de Carrazeda de Ansiães, onde já se deslocaram técnicos da Direcção Regional de Agricultura para fazer o levantamento de prejuízos.

Os produtores têm poucas expectativas relativamente a apoios governamentais, como expressou Duarte Borges, da Associação dos Fruticultores, Viticultores e Olivicultores do Planalto de Ansiães.

A estimativa é de que "cerca de 60%" da área de produção da maçã tenha sido afectada, mas, ainda que a maioria dos produtores tenham seguros de colheitas, os prejuízos efectivos não ser cobertos, segundo alegam.

O distrito de Bragança foi um dos sete que esteve no domingo sob aviso amarelo devido à previsão de chuva e trovoada. As previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera indicavam a ocorrência de aguaceiros, "por vezes fortes e que poderão ser ocasionalmente de granizo e acompanhados de rajadas fortes de vento" e trovoadas frequentes e dispersas.

No sistema de avisos meteorológicos em vigor, o amarelo é o menos grave e refere-se a uma "situação de risco para determinadas actividades dependentes da situação meteorológica". Os avisos de risco incluem também o laranja e o vermelho (o mais grave).

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