João Lourenço: “Relações entre Angola e Portugal nunca estiveram tão boas”

Presidente de Angola espera que a visita de António Costa a Luanda permita reforçar “relações de ambos os paíeses”. E revelou que quer celebrar 50 anos do 25 de Abril em Portugal.

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João Lourenço espera que a visita de António Costa ajude a reforçar as "relações de amizade" dos dois países LUSA/PAULO NOVAIS

O Presidente angolano, João Lourenço, elogiou o estado das relações com Portugal nas vésperas de receber o primeiro-ministro português em Luanda e apelou a um maior investimento das empresas portuguesas para diversificar a economia do seu país.

"As relações estão muito boas, nunca estiveram tão bem quanto agora. Precisamos é de aumentar o investimento português em Angola e onde for possível", afirma o Presidente angolano, numa entrevista conjunta concedida à Lusa e ao Expresso, onde se mostrou disponível para visitar Portugal em 2024, a propósito do 50º aniversário do 25 de Abril.

Para já, João Lourenço espera que a visita de António Costa, entre 5 e 6 de Junho ajude a reforçar as "relações de amizade e de cooperação económica" entre Portugal e Angola.

Um dos acordos que será assinado em Luanda durante a visita de António Costa é precisamente o aumento da linha de financiamento de 1,5 mil milhões para 2 mil milhões de euros, negociado no início de Abril numa visita do ministro das Finanças português, Fernando Medina. Esta linha de financiamento permanente garante o pagamento à empresa em caso de incumprimento do Estado angolano e permite financiar projectos definidos Angola.

Segundo João Lourenço, o crédito à exportação "incentiva a deslocação das empresas portuguesas para Angola, uma vez que elas se sentem mais confortáveis e com a garantia de que o que vêm fazer a Angola fica coberto por esse crédito".

Para o governante angolano, esse crédito deverá ser utilizado "em princípio", para a construção de infra-estruturas, nomeadamente a construção da Basílica da Muxima e um conjunto de estradas nacionais. Além disso, João Lourenço assinalou em particular alguns sectores da economia nos quais Luanda gostaria de ver um maior investimento português.

"Onde pretendemos maior investimento privado estrangeiro é, nomeadamente, na agro-pecuária, turismo - onde o investimento português é mais baixo comparativamente com investimentos em outros países", indicou.

Luanda quer mais investimento português

Angola gostaria também de ver os investidores portugueses a adquirir mais activos que estão a ser alienados, no quadro das actuais privatizações. "Há um conjunto grande de activos na esfera pública que queremos passar para a esfera privada. Os investidores portugueses estão convidados a habilitarem-se à compra desses mesmos activos", destacou.

"O investimento português não tem baixado, mas nós não estamos ainda satisfeitos, pensamos que ainda há muito espaço para crescer", clarificou.

Nesta entrevista, o Presidente João Lourenço reconhece também que Luanda está "em falta" para com algumas empresas portuguesas relativamente a créditos por liquidar, estando ainda por pagar cerca de 100 milhões de euros da chamada "dívida certificada", a que é reconhecida pelo Estado angolano.

"Estou a referir-me à dívida certificada, que anda à volta dos 500 milhões de euros, um pouco mais de 500 milhões", diz, assinalando que, desse valor, Angola pagou quase 400 milhões. Quanto à dívida "não certificada", diz que ela ascende a cerca de 200 milhões de euros, que ainda precisam de ser validados pelas autoridades angolanas.

Outro dos aspectos relevantes da relação entre os dois países é o que diz respeito ao destino das participações da Sonangol, no Millennium BCP e na Galp, bem como da Efacec. Sobre a decisão da Galp de alienar os blocos petrolíferos que detinha em Angola, João Lourenço limitou-se a dizer: "é evidente que se permanecessem seria melhor, mas eles terão as suas razões para se terem retirado".

Celebrar o 25 de Abril em Portugal

Nesta entrevista, João Lourenço mostrou-se também disponível para visitar Portugal em 2024, no 50.º aniversário do 25 de Abril, e a festejar em conjunto os 50 anos da independência do seu país, no ano seguinte.

“Com certeza que estou disponível, tudo depende da vontade das autoridades portuguesas. Se eu for convidado, irei com muito gosto”, disse o Presidente angolano. João Lourenço também se disponibilizou a convidar o chefe de Estado português a visitar Luanda para uma celebração conjunta dos 50 anos da independência de Angola, que se assinala a 11 de Novembro de 2025.

“Ainda não tinha pensado nisso, porque penso ser sério. Ainda faltam dois anos, mas nos 50 anos terei muito gosto em convidar o chefe de Estado português”, afirmou.

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