Bloco acusa ministro da Saúde de ser um “porteiro do SNS”

PS criticou Bloco por ter sucumbido ao “populismo da direita” e os partidos de direita censuraram os bloquistas por terem apoiado o Governo socialista que causou a “degradação” do SNS.

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Joana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda Nuno Ferreira Santos
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Depois de, na quarta-feira, o Bloco de Esquerda (BE) ter entregado um requerimento no Parlamento para ouvir com urgência o ministro da Saúde, o partido criticou esta quinta-feira o Governo por estar a degradar e a liberalizar o Serviço Nacional de Saúde (SNS).

"Não é um ministro da Saúde, é um porteiro do SNS. Não é uma governação, é uma calendarização", acusou a deputada Joana Mortágua numa declaração política na Assembleia da República, em que se insurgiu contra vários problemas na área da saúde: o encerramento de urgências e serviços, a falta de meios do SNS ou as ambulâncias inoperacionais do INEM.

"Houve um tempo em que se defendia um SNS geral, universal e gratuito, em que PS o defendeu. Agora parece ter abandonado essa ideia e substituído por uma nova tese: do SNS previsível", disse, argumentando que o ministro e o director executivo do SNS têm "repetido esta palavra" para anunciar encerramentos rotativos de serviços como os de maternidade e obstetrícia "que acabam por se tornar permanentes".

Para a bloquista, o que é "previsível" é "o que está a acontecer: um SNS em degradação e o Governo PS a aproveitar para aprofundar o seu plano de liberalização da saúde em Portugal", isto é, a "desviar o orçamento do SNS mais uma vez para os privados".

Pelo PS, o BE foi acusado de ter sucumbido “ao populismo da direita” por não ter reconhecido a “dedicação” dos profissionais de saúde e o aumento do investimento na saúde que foi feito desde que os socialistas governam. À direita, os deputados criticaram o BE por ter apoiado o Governo do PS, durante a "geringonça", que contribuiu para a “degradação” do SNS, tendo a Iniciativa Liberal defendido um maior financiamento do sector privado e social.

Joana Mortágua considerou que "qualquer crítica ao PS será apelidada de populismo" e que o BE "reconhece os avanços no SNS desde 2015" e a "capacidade sobrenatural dos profissionais" de saúde, razão pela qual chumbou o Orçamento do Estado de 2022 "quando o PS decidiu que o futuro do SNS era transferir dinheiro para privados". "No PS vão ter de se habituar que têm oposição de esquerda", declarou.

O BE apresentou nesta quarta-feira um pedido de audição com urgência ao ministro da Saúde sobre a falta de meios do SNS, no INEM e no Algarve, após a morte de um bebé em Portimão no dia 19 de Maio.

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