Não, o Giro não excluiu Evenepoel por covid-19. E, sim, as máscaras vão regressar

Depois da saída de Evenepoel – que não foi afastado pela organização –, a Volta a Itália vai tratar a covid-19 como “antigamente”, retomando a utilização de máscaras no contacto com os ciclistas.

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Remco Evenepoel na Volta a Itália 2023 EPA/LUCA ZENNARO
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"Forçado a" é um conceito que, mal utilizado, pode confundir, já que remete para uma directiva alheia. Mas ao contrário do que tem sido falado e criticado nas últimas horas, o ciclista Remco Evenepoel não foi "forçado a deixar a Volta a Itália" pela organização da corrida, depois de um teste positivo à covid-19.

O corredor belga foi, isso sim, afastado pela própria equipa, preocupada com o estado do seu líder. A expressão "forçado a deixar", utilizada no comunicado da equipa Quick-Step, induziu em erro muitos que consideraram que o ciclismo, em geral, e a organização do Giro, em particular, estavam a ter uma preocupação desmedida com uma doença que já nem a Organização Mundial de Saúde vê com o máximo grau de cuidado.

Ao contrário do que aconteceu em 2021 e 2022, as regras já não prevêem que um ciclista infectado seja excluído da corrida. E não prevêem sequer testes obrigatórios à covid-19 ou a utilização de máscaras nos espaços pré e pós-etapa. Para 2023, a pandemia foi tratada, no ciclismo, com uma naturalidade que dá às equipas a possibilidade de gerirem o assunto como bem entenderem e já seis corredores abandonaram por covid.

Daqui sai que a equipa Quick-Step decidiu internamente fazer testes de covid – e aí detectou a infecção de Evenepoel. Tal como a Jumbo, por exemplo, decidiu que as máscaras seriam para manter.

Em suma, Remco Evenepoel foi afastado pela própria equipa, seguindo, provavelmente, a indicação do corpo médico, que considerou ser mais prudente para a saúde do ciclista abandonar a corrida.

Esta é a parte da história que nos diz que as medidas anti-covid são geridas pelas equipas. Agora, vem a parte que nos diz que a organização da corrida quer voltar a assumir as rédeas do problema.

Organização vai apertar medidas

O director da corrida, Mauro Vegni, explicou à Gazzetta dello Sport que as equipas “podem fazer os testes que quiserem” e “podem decidir parar um ciclista ou não”, confirmando, porém, que as medidas de prevenção já não serão tão arbitrárias.

“Possivelmente, parámos a preocupação [com a covid-19] demasiado cedo. Vamos reintroduzir regras que tínhamos deixado, como a obrigação de utilização de máscaras em locais de contacto com os ciclistas, como a partida e a meta. Não vamos limitar a forma como as pessoas interagem na corrida, mas quem quiser interagir com os corredores terá de ter máscara”, detalhou. E concluiu: “Deveríamos tê-lo feito mais cedo? Possivelmente. E não coloco a minha mão no fogo dizendo que não há outros casos, possivelmente não confirmados”.

Isto quer dizer que a presença em zonas de autocarros das equipas, locais de assinatura do livro de prova, cerimónias de pódio, zonas mistas, salas antidoping e locais de imprensa vai requerer máscara na face. A covid-19 pode ter saído de boa parte da vida diária dos cidadãos, mas ainda não saiu do ciclismo.

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