De fraca memória

Vivemos tempos em que se exige mais da democracia, num devir de transparência e de responsabilização e, fosse qual fosse o governo, seria submetido ao mesmo escrutínio, o que não é em si negativo.

A julgar pelo clamor mediático, estamos por estes dias a confirmar que os políticos são gente corrupta, praticantes de endogamia, cuja visão estratégica, a existir, é dominada por interesses pessoais e partidários. É, de facto, com algum espanto que nos vemos perante uma elite de recorte monárquico, absolutista, cujos secretários supõem por escrito que o rei quer a carruagem para amanhã e não para depois de amanhã, porque o rei é mimado e devemos mimá-lo, senão faz birras e o reino cai. Será então o fim da corte, ficando a perder os nobres e todos os burgueses de bem que governam a província. O que parece aqui anacrónico é que a mensagem apareça inscrita num suporte eletrónico, um email, em vez de missiva escrita com pena de ganso. O conteúdo, reivindicando privilégios improváveis, é talvez semelhante, o que dirá da curta distância percorrida entre as monarquias medievais e as democracias ainda tão elitistas da Europa.

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