Vacina ARNm da Moderna e da Merck com resultados promissores contra o melanoma

Nova terapia, em conjugação com o pembrolizumab, reduz em quase metade o risco de morte ou recorrência do melanoma em ensaio clínico.

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Resultados de ensaio clínico foram anunciados num congresso oncológico nos EUA EPA/Aleksandar Plavevski

Uma vacina ARNm (ARN-mensageiro) experimental desenvolvida pela Moderna e a Merck reduz em 44% o risco de morte ou recorrência do tipo de cancro mais fatal, o melanoma, em comparação com o recurso isolado à imunoterapia Keytruda (nome comercial do pembrolizumab), também da Merck, anunciaram investigadores norte-americanos num congresso clínico, este domingo, na Florida.

Os resultados sugerem que adicionar ao Keytruda uma vacina personalizada baseada na tecnologia ARN-mensageiro pode prolongar o período de tempo até à morte ou à recorrência da doença, disse Jeffrey Weber, do centro oncológico Langone Perlmutter, da Universidade de Nova Iorque.

"De um ponto de vista geral das terapias oncológicas, isto é potencialmente um enorme avanço", declarou Ryan Sullivan, um especialista em melanoma que participou no estudo.

Os resultados apresentados num encontro da Associação Americana para a Pesquisa Oncológica (AACR, na sigla inglesa) adicionam novos dados às informações já adiantadas pelas duas farmacêuticas em Dezembro. Dados adicionais serão apresentados em breve numa revista científica.

A colaboração entre a Merck e a Moderna é uma entre várias que, recentemente, apostam na combinação de várias terapias para estimular uma resposta do sistema imunitário contra o cancro, com base na tecnologia ARN-mensageiro. Também a BioNTech e a Gritstone estão a trabalhar em vacinas oncológicas ARN-mensageiro.

A vacina ARN-mensageiro é preparada com base na análise de tecido canceroso removido cirurgicamente do paciente. As vacinas são concebidas para treinar o sistema imunitário para reconhecer e atacar mutações específicas nas células cancerosas.

O estudo agora apresentado envolveu 107 pacientes, homens e mulheres, que corriam risco elevado de reaparecimento de melanoma. A um dos grupos foi administrada a vacina experimental mRNA-4157/V940 em conjugação com o Keytruda. Neste grupo, houve um reaparecimento da doença em 22.4% dos pacientes. No grupo de controlo, em que os pacientes apenas recorreram ao Keytruda, houve um regresso do melanoma em 40% dos casos.

Os efeitos secundários observados em ambos grupos foram similares, com a fadiga a ser o sintoma mais reportado.

Será agora necessário um novo ensaio clínico para a aprovação desta terapia combinada nos Estados Unidos, o que ainda poderá demorar três a quatro anos. O desenho personalizado de uma vacina ARN-mensageiro para cada paciente demora oito semanas.

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