Aumenta a paixão por Portugal na terra onde o futebol é rei

Sete técnicos portugueses partem à “conquista” do Brasileirão e do carinho dispensado a Jesus e Abel... que vai em busca do bicampeonato.

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Abel Ferreira inicia defesa do título de campeão brasileiro Reuters/MARIANA GREIF

Aí está, ao início da tarde no Brasil (noite dentro em Portugal), o pontapé-de-saída de mais uma edição da Série A do Campeonato Brasileiro de Futebol. Mais um Brasileirão de assinalável imprevisibilidade e influência portuguesa, com sete das 20 equipas a serem dirigidas à partida por um naipe de treinadores nacionais.

Abel Ferreira, ilustre timoneiro do campeão Palmeiras, dispensará qualquer tipo de apresentação formal quando o “verdão” entrar em campo para iniciar a defesa do título frente ao Cuiabá — emblema nove vezes campeão mato-grossense nos últimos 11 anos e 16.º classificado do Brasileirão 2022 — do madeirense Ivo Vieira, uma estreia no futebol brasileiro, aos 47 anos, após breve passagem pela Arábia Saudita.

Abel Ferreira, que junta duas Libertadores à Copa e Supercopa do Brasil, à Recopa CONMEBOL e ao 7.º Brasileirão da história do emblema paulista, é, sem dúvida, o exemplo a seguir pela “armada” lusa que parte à redescoberta do futebol na terra onde este desporto é rei.

Abel que poderá, na quarta época de Brasil, igualar o palmarés do Flamengo em número de títulos no Brasileirão, de que o “urubu” é recordista com oito campeonatos, os últimos dois em 2019 e 2020.

Flamengo reduz contingente

O primeiro dia da ronda inaugural desta maratona de 38 etapas proporcionará ainda outro duelo entre técnicos lusos, com o Red Bull Bragantino de Pedro Caixinha a receber o Bahia de Renato Paiva.

Dois técnicos da mesma geração, mas com trajectos bastante diferentes, com México e Brasil como mais recentes pontos de contacto: um trota-mundos com provas dadas (detentor de cinco títulos no futebol mexicano) e um “formador” (quase duas décadas dedicadas à formação do Benfica), que junta à recente conquista da Liga do Equador o título de campeão baiano.

Na verdade, nenhum dos treinadores portugueses — talvez à excepção de Pepa, no Cruzeiro — entra verdadeiramente a frio neste Brasileirão, que surge logo após a disputa dos Estaduais, quando decorrem as “copas” do Brasil (já sem a presença de Pedro Caixinha e António Oliveira, eliminados na segunda e primeira rondas, respectivamente) e sul-americana.

Trajecto que levou, inclusive, à saída ainda muito fresca de Vítor Pereira do comando técnico do Flamengo. Um desfecho que começou a desenhar-se desde muito cedo, praticamente assim que a contestação e insatisfação pelos métodos implementados pelo ex-treinador do Corinthians começou a ser conhecida.

Cenário que se revelou inevitável após derrota contundente com o Fluminense, na final do campeonato carioca. Caso contrário, estaríamos a falar de um recorde de oito técnicos lusos... Fasquia que pode muito bem ainda ser atingida caso venha a confirmar-se o propalado interesse no regresso de Jorge Jesus, treinador dos turcos do Fenerbahçe, ao comando do “mengão”.

Um processo delicado e que não será, seguramente, concluído a tempo de um segundo derby de técnicos portugueses, já que o Coritiba de António Oliveira (ex-Cuiabá e com passagens por Athletico Paranaense e Santos) inicia, amanhã, a temporada no Maracanã.

Antes, porém, há um Botafogo-São Paulo, com Luís Castro (11.º classificado em 2022) — o mais experiente, com 61 anos, e títulos no Qatar e Ucrânia — a comandar os destinos de “o glorioso” pelo segundo ano consecutivo... Agora, depois de estabilizado o “barco”, a apontar aos lugares de acesso à Taça Libertadores. Botafogo que atinge as 50 participações em 53 edições da competição, contra 52 do São Paulo, num clássico que promete.

Lua-de-mel no Cruzeiro

Ainda a ambientar-se, depois da derrota frente ao Náutico no jogo de estreia ao comando do Cruzeiro, surge o segundo mais jovem, com 42 anos, dos treinadores portugueses, ainda em lua-de-mel.

Pepa saltou de uma espécie de “deserto” competitivo saudita para os antípodas do futebol, assumindo uma equipa de topo (campeão incontestado em 2003, 2013 e 2014) à procura dos dias de glória depois de queda (2020 e 2021) na Série B.

Com apenas um jogo disputado, Pepa vive pleno período de escrutínio. A equipa, a menos concretizadora entre a elite, deu razão à crítica e foi punida pelo Náutico (com um golo aos 88 minutos), mesmo justificando melhor resultado.

E esse será, certamente, um dos aspectos diferenciadores, especialmente num país com profunda paixão pelo futebol, em que a emoção tende a superar a razão e pragmatismo que estes portugueses poderão acrescentar.

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