Amesterdão quer banir voos nocturnos e aviões privados

O aeroporto de Schiphol quer tornar-se “mais silencioso, limpo e melhor”. Entre as medidas, está o fim dos voos nocturnos e dos aviões privados.

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Aeroporto de Schiphol, em Amesterdão, quer acabar com os voos nocturnos e banir os aviões privados e as aeronaves mais ruidosas EPA/MICHEL VAN BERGEN

O aeroporto de Schiphol, junto a Amesterdão, capital dos Países Baixos, quer acabar com os voos nocturnos, cancelar o pedido de construção de uma nova pista, e banir os aviões privados e as aeronaves mais ruidosas. Tudo por uma “aviação mais silenciosa, limpa e melhor”, anuncia a empresa em comunicado.

A ideia passa por implementar, “o mais tardar até 2025-2026”, um sistema que “vise a redução estrutural do ruído e das emissões de CO2 em linha com o acordo climático de Paris” e que o governo deveria “consagrar na lei”.

Entre as medidas propostas, sobre as quais Schiphol irá debater “com as companhias aéreas”, está o fim das descolagens e aterragens entre as 24h e as 6h (menos uma hora no caso das chegadas), o que significaria “menos 10 mil voos nocturnos por ano”; mas também o controlo mais apertado às aeronaves ruidosas; e “proibir o tráfego de aviões privados e de pequenas empresas”, uma vez que causam “uma quantidade desproporcionada de incómodos sonoros e de emissões de CO2 por passageiro (cerca de 20 vezes mais em comparação com um voo regular)”. Desta medida ficaria de fora o tráfego de cariz social, como os voos realizados pela polícia ou instituições de saúde.

O aeroporto “renunciou” ainda à possibilidade de construção de uma nova pista, “pedindo ao governo que cancele a reserva” do terreno, dado ir colocar “pressão desnecessária no escasso espaço disponível na área”.

“Durante demasiado tempo pensámos no crescimento e muito pouco no seu custo. Temos de ser sustentáveis para os nossos funcionários, para o meio ambiente, e para o mundo”, afirma Ruud Sondag, director executivo do Royal Schiphol Group, em comunicado.

Ainda que as medidas anunciadas tenham “grandes efeitos no sector”, o responsável diz serem “necessárias”, até do ponto de vista do negócio, sendo a “única forma” de “reconquistar a confiança de funcionários, passageiros, vizinhos, políticos e sociedade”.

Tribunal dá razão às companhias aéreas e anula plano governamental para limitar voos

Em Fevereiro, o governo holandês já tinha anunciado a intenção de limitar os voos no aeroporto de Schiphol a um máximo de 460 mil para 2023-2024, como uma “solução temporária” para reduzir a poluição sonora e enfrentar outras questões ambientais. No entanto, esta quarta-feira, o Tribunal Distrital da Holanda do Norte anulou a decisão, dando razão à KLM e outras companhias aéreas.

As transportadoras tinham decidido contestar o plano do governo em tribunal no mês passado, defendendo que a medida de limitar os voos entre Novembro de 2023 e Outubro de 2024 a 460 mil não tinha sido devidamente aprovada e que já tinham realizado investimentos com base no limite máximo de 500 mil acordado em 2015, relata a Reuters.

Numa decisão preliminar, o tribunal defende que o governo “não seguiu o procedimento correcto”, que o Estado “deve consultar todas as partes interessadas” e que “uma redução do número de voos só é permitida quando é evidente que outras medidas para reduzir os incómodos causados pelo ruído não são suficientes”.

Em comunicado, a KLM mostrou-se satisfeita com a decisão do tribunal, afirmando acreditar que o ruído e outros tipos de poluição podem ser reduzidos de outras formas.

Já o Ministério dos Transportes, que está a investigar um limite mais rigoroso para a época 2024-2025, diz que está a estudar a decisão e a considerar "possíveis acções subsequentes". Numa declaração, afirma que a política do governo é procurar um equilíbrio entre as preocupações dos residentes e grupos ambientalistas com "a importância económica de Schiphol para os Países Baixos".

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