O vinho é bom, mas a cerveja também não é má

A idade ensinou-me a desfrutar das coisas simples. Por exemplo, no final de um dia de vindima, não há Barca Velha que se compare a uma cerveja leve e fresquinha.

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"Nunca aderi à onda das cervejas artesanais. Muitas devem ser extraordinárias, mas são demasiado elaboradas para o meu propósito" Nelson Garrido

Uma certa manhã, há muito tempo, entrei no conhecido café À La Mort Subite, em Bruxelas, e pedi uma cerveja trapiste. Quem me atendeu perguntou-me se não queria comer nada. Não, obrigado, respondi, ainda a digerir o pequeno-almoço. Embalado pela solidão matinal e pela beleza da praça, bebi a cerveja com a lentidão possível. Quando me levantei, a cabeça parecia-me bem, envolta numa leve euforia, mas o chão, esse, fugia-me. Finquei bem os pés, olhei em frente e saí de mansinho, focado em não bater nas cadeiras e em passar despercebido, sem dizer “ui” nem “ai”. Da mesa à porta eram uns cinco metros, imagino, mas a minha saída, embora feita de cabeça levantada, foi a de alguém que tinha sido apanhado na curva e fugia de vergonha. Estava bêbado. A cerveja, soube depois, tinha 16 graus de álcool.

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